domingo, 19 de dezembro de 2010

dez/2010

Eis que chega o mês de dezembro, cheio de esperanças e promessas. É quando todos nos permitimos ter aquele sentimento infantil, novamente, que nos faz fugir de qualquer realidade e acreditar em milagres tão irreais quanto poderiam ser. Ao mesmo
tempo nos prometemos todas aquelas coisas que sabemos que não iremos fazer, mas que gostariamos que se tornassem realidade. É nesse mês mágico que nos vemos capazes de esquecer as desavenças, mesmo que por uma noite, mesmo que seja de forma efêmera e às vezes até falsa. E talvez o meu desejo seja de que dezembro não passe, de que o ano novo não chegue, pois assim não precisaria despedaçar minhas esperanças e jamais falharia em meus planos.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Des(culpa).

Para você eu tenho um pedido de desculpas. É mais pedido e menos desculpas. Um pedido de não haver fraqueza e covardia. Um pedido de não haver fraqueza e covardia, sem que haja fraqueza e covardia. Aí entra o meu pedido de desculpas. Me desculpa se não consegui te dizer na lata. Não disse tudo que pensava, não disse como me sentia, não disse da minha outra paixão. E é só isso. E se não desculpar, olha, foda-se.

ps: mas quando estiver lá, me procura?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Classificados

Peguei o telefone e disquei lentamente. A voz perguntou em que parte gostaria de colocar meu anúncio e por quantos dias. Disse que por um dia só e que poderia colocar na categoria pessoal. Quantas letras? Sei lá minha senhora, me deixe falar, me deixe dizer o que procuro e então você conta essas letrinhas ai, não me importo com o preço! Coloque aí assim: Procuro por paixão, mas deixe claro que é 'paixão' sem nenhum tipo de artigo, definido ou indefinido. Não procuro alguém para me apaixonar entende? Procuro paixão, o sentimento... é que venho notando que não acho mais isso em mim, passos desapressados, tudo morno, tudo nesse estado basal de sempre. Vamos voltar ao anúncio... Procuro paixão, pago quanto for necessário, o frete pode ser a cobrar e exijo que seja mandado em sedex 10, tenho urgência sabe minha querida? Acho que não consigo acordar mais um dia sem um vulcão explodindo em mim e me dizendo que eu devo desejar algo como se não houvesse outra coisa no mundo, entende o que digo? Acho que estou te chateando, atrapalhando seu trabalho né? Muitas pessoas devem estar tentando ligar aqui no jornal para vender suas casas, anunciar seus carros ou procurar seus cachorros, mas te juro que este anúncio é importante, muito mais que casas, carros e cachorros. Vou tentar ser mais rápido então, me perdoe. Então eu já disse que procuro paixão, pago quanto for preciso e tenho urgência para recebê-la, agora escreva que ela deve vir em algo inusitado que me faça mudar a direção para qual ando olhando ultimamente e que eu não deva esperar recebê-la. É isso. Não, obrigado. Não quero colocar um contato. Boa noite.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Assim,

Queria dizer que eu gosto de você, assim. Não aquele 'gosto de você' que costumava dizer no colégio para aquela menina com quem eu sonhava e fantasiava uma vida toda, mas sim um 'gosto de você' adulto. Encostaria de leve no seu braço, seguraria sua cintura com força para que nenhum pedaço de alma ou pensamento pudesse fugir dali e diria em bom som 'gosto assim de você'. Não significa que quero te beijar agora, muito menos que pretendo construir um futuro ao seu lado e quem dirá ter filhos, casa e cachorro. Só acho que seria importante dizer que faz bem segurar sua mão e que por hoje é suficiente, um suficiente calmo e tranquilo que não exige perspectivas ou projeções. É só isso, é só agora... é só a gente melhorando nosso dia com a simplicidade de um sorriso acolhedor e um abraço interessadamente desinteressado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

um lado só.

Poderia discorrer sobre os jardins, as belezas, o que eu acho de mais lindo nisso tudo. Poderia usar da sutileza e dizer do rio e da margem para você saber: deixa que ele corre sozinho. Ou então poderia simplesmente dizer tudo na lata. Mas existem coisas que não precisam disso. Existem coisas que já sabemos, então nos resta dizer: não dá. Não dá porque não dá. Porque eu não quero. Porque eu não consegui sentir o que eu tinha que sentir. Não acho justo com você. Tocar nesse assunto é muito delicado, não preciso destrinchar. Dói. Poderia ainda falar tudo que gosto em você, tudo que me afia, tudo que me separa de dizer sim ou dizer não – mesmo quando quis dizer não. Mas você sabe o motivo pelo qual eu tomei essa decisão. Simplesmente não consegui. Não deu.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CaioF.

"Você sabe que de alguma maneira a coisa esteve ali, bem próxima. Que você podia tê-la tocado. Você poderia tê-la apanhado. No ar, que nem uma fruta. Aí volta o soco. E sem entender, você então pára e pergunta alguma coisa assim: mas de quem foi o erro? (...) Você vai perguntar: mas houve o erro? Bem, não sei se a palavra exata é essa, erro. Mas estava ali, tão completamente ali, você me entende? No segundo seguinte, você ia tocá-la, você ia tê-la. Era tão. Tão imediata. Tão agora. Tão já. E não era. Meu Deus, não era. Foi você que errou? Foi você que não soube fazer o movimento correto? O movimento perfeito, tinha que ser um movimento perfeito. Talvez tenha mostrado demasiada ansiedade, eu penso. E a coisa se assustou então. Como se fosse uma coisa madura, à espera de ser colhida. É assim que eu vejo ela, às vezes. Como uma coisa parada, à espera de ser colhida por alguém que é exatamente você.
(...)
O erro? Eu dizia, pois é, o erro. Eu penso, se o erro não foi de dentro, mas de fora? Se o erro não foi seu, mas da coisa? Se foi ela quem não soube estar pronta? Que não captou, que não conseguiu captar essa hora exata, perfeita, de estar pronta. Porque assim como o movimento de apanhar deve ser perfeito, deve ser perfeita também a falta de movimento, a aparente falta de movimento do que se deixa apanhar. Você me entende?"

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uns e Outros

Sentamos naquele banco em frente ao mar, ou ao lago, ou ao rio... mas definitivamente era um banco em frente a uma porção de água. Talvez tenhamos sentado na grama, na areia, na lama... sei que de certo sentamos. Os olhos não se procuraram, muito menos as mãos e mais distantes ainda ficaram os lábios. Não se tinha muito o que falar, na verdade nunca se tem o que falar quando um sente morrer e o outro tenta manter vivo pelos dois, e era assim que acontecia. Um sentia o coração torcido, de tanto ser apertado procurando um resto qualquer de sentimento, entusiasmo e até mesmo expectativa para procurar os olhos, segurar a mão e aproximar os lábios. O outro mirava o horizonte tentando deixar os olhos livres de sentimentos, tentando não transparecer a sensação de desespero que se espalhava como erva daninha ao notar que seus planos para as próximas férias, agora, eram só seus. Durante horas palavras macias foram jogadas e havia uma tentativa frustrada de falar sem magoar, de não culpar e não abandonar, mas no fim sabia-se que seria tudo tão duro e doloroso quanto possível. Apesar de um não ter mais motivos para estar ali, ele ainda sentia que seus sonhos teriam que ser reconstruídos outra vez, e isso dói até para quem não quer mais, afinal de contas, ele gostaria que tivesse sido diferente. E o outro queria ficar ali sem mais ninguém, para que pudesse sentir sua dor em paz, só que no desenrolar da conversa procurava qualquer tipo de incoerência que lhe trouxesse uma esperança de um não-fim. Sei que um não convenceu o outro que era melhor ir também, e o outro não convenceu um de ficar ali, traçando assim mais um desencontro dessa vida. Não sei quando levantei, ou quem estava ao meu lado levantou, sei que um foi, seguiu na estrada buscando sentir em outras circunstâncias tudo aquilo que já havia sentido um dia e não econtrava mais. O outro ficou, olhando a água como se olhasse pra dentro de si, procurando deixar lá no fundo essa dor que começava a cortar-lhe o coração, mas ficou ali, esperando a chuva chegar e lavar tudo aquilo que lhe impregnava a alma.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Magnetismo Conformacional

Vamos ter que encarar os fatos, não deu. Acontece que passamos por cima de algumas leis naturais. Concordo que os opostos se atraem, mas nem sempre se encaixam... De que adianta termos atração por sermos tão diferentes e não existir sequer um sítio de encaixe, um refúgio para nos escondermos quando começar a parecer que a ponte está envergando e a ligação se quebrando? Nada se parece, nem as feridas, nem as alegrias, nem os pensamentos, nem as amizades e quem dirá as filosofias. Apesar de nada encaixar, confesso que tentei, e continuei tentando mesmo quando não via mais via para o êxito. E taí, eu tenho muita dificuldade de desistir, de falar 'não deu', e espero sempre até o último minuto, quando o barco já está com água até o meu pescoço, para tentar pular fora... Deve ser por isso que sempre saio me afogando um pouco. Metáforas a parte, nossos imãs se atraíram, mas não se encaixaram e agora: let's face the truth... we have to move on.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

João-Bobo

Hoje traduziram meus conflitos em uma frase muito simples: "seus desejos são maiores que suas vontades". É, palavras acertadas, desejos rápidos, efêmeros e irracionais sempre sendo levados à frente deixando de lado minhas vontades pensadas, medidas, planejadas. Como se no caminho para colher as laranjas eu resolvesse sempre plantar ervas daninhas, mesmo sabendo que depois terei que não só arrancar as ervas daninhas, como esperar novamente todo o tempo de desenvolvimento até que as laranjas estejam novamente maduras e possam ser colhidas. Nessa irracionalidade me vejo então perdendo dias e dias, apenas nessa burra repetição de erros e acertos, sem sequer dar um passo para frente ou para trás, preso na medíocridade de quem não controla seus desejos e se perde no caminho de suas vontades.

sábado, 6 de novembro de 2010

Ímpeto

Quisera eu ter essa incrível habilidade de conter o impulso. Taí, impulsividade é algo que me define em grande escala. Um dia quem sabe ainda aprendo a deixar para amanhã, a não sair correndo porque eu quero agora. Até lá, não me afasta não, deixa eu tocar, deixa eu sentir... Deixa meu impulso te alcançar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Morfí

Ando meio assim, trocando confidências comigo mesmo. Num surto de auto-sinceridade misturada com falta de controle sobre os meus próprios atos. Ora estou ali me criticando ávidamente e me prometendo mudanças, ora estou aqui novamente cometendo aqueles mesmo erros infanto-juvenis. A verdade é que a gente vai crescendo e endurecendo, perdendo a meleabilidade, se engessando e então vem toda aquela vontade de sair do casulo e criar asas. Daí que eu fico agora pensando como deve ser para a lagarta virar borboleta, a reclusão, a auto-reflexão e toda dor da solidão e das mudanças mais profundas possíveis que a permitirá voar livremente. A troca do hoje, do agora, pelo amanhã, pelo amadurecimento. Só me resta diante disso tudo aprender a constuir meu casulo e acreditar nas asas que estão querendo nascer.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um dia antes de mim em 1986.

Entre tantos carros, tantos bancos de madeira, tantas pulseiras, tantas canetas, carimbos, plantas, nuvens e pão, entre tantas mães, tantas tesouras, tanto asfalto, tantos batons, tantos vermelhos, tantas linhas, lojas, buquês e músicas, tantos cafés da manhã, tantas abóboras, paçocas, tangerinas e tijolos você é importante para mim porque é você.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Hoje.

Na verdade hoje eu só queria você aqui e não vejo nenhum problema nisso. O maior problema é perceber que esse querer latente andou permanecendo em mim por vários hojes, atingindo até alguns amanhãs. Me incomoda um pouco a restrição dos planos e até a ausência de enganos. Confesso que me estranha essa ausência de defeitos quando o assunto é nós dois, mesmo sabendo que sempre hasteamos nossas imperfeições como bandeiras. Não sei se expomos nossos erros com o intuito de medir até onde o outro é capaz de insistir nisso, ou para não correr sequer o perigo de causar enganos. E apesar desse tanto de questionamentos, é só você que eu queria agora comigo para deitar do meu lado, só sua escova de dentes que eu gostaria de encontrar na pia do banheiro divindo um copo com a minha.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Conversa de Mesa

Uma história marcada de saltos. Um encontro marcado de desencontros. A história que fica na nossa história - digo nossa de todos nós - é notada de que as coisas não acontecem linearmente, de que a história não caminha em um fio, em uma linha, em uma reta. As coisas saltam, acontecem em saltos e o ponto de queda do último salto dado é justamente quando vem o desencanto. Quando de repente e bem de repente mesmo você olha e puf, sumiu. O que fica é a tristeza de não sentir nem saudade. A atitude mais nobre que eu poderia ter para querer o seu bem é te dar mais um belo de um desencontro.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Hora Marcada

Havia um momento diferente não só pelo fato de se sentir mais a vontade. Havia um brilho no jeito de olhar e um sorriso que eu precisava ver pelo menos por uma vez. É. Aquele mesmo. Não havia só o momento. Poderia dizer ainda sem exagero ou mentira nenhuma que era como sentir e ver tudo pela última vez. E que bom que foi assim. Ficou maravilhosamente memorável aqui aquela energia e o ar que pairava por nós. Você sabe. Poderia ser uma visão de despedida de uma coisa que só foi boa e que não poderia ter sido diferente. Mas é como se tivesse chegado a hora do futuro promissor - sem futuro - entrar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

de graça.

Acho engraçado como as pessoas falam "é engraçado, mas..." para dizer coisas quem em sua grande maioria não são engraçadas. Já reparou? Nem perto disso chegam. Para não dizer que via de regra, é a expressão que antecede as palavras que você sabe que não vai querer ouvir. Mas.. eu digo agora: é engraçado você pedir segurança para alguém que nunca soube conviver com isso, por achar que segurança tira toda a graça do processo. Então eu sinto muito - sem sentir - dizer que isso eu não vou te dar. E acho graça - sem achar - que eu me esconda atrás do isso. Nunca consegui muito bem usar da sinceridade com o que eu mais preciso ser, mas acho que você já percebeu. Me escondi mais uma vez ao esconder o assunto principal que envolve a segurança que você quer. Também não me venha pedir linearidade. E não me venha mais com suas metáforas. Não cabem mais aqui. Guarde-as em sua gaveta das metáforas de amores antigos. Não necessariamente antigos de fato, mas vá.. guarde lá. É só isso que eu posso querer agora. É engraçado ser só isso, né?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

peças

É esquisito como andam as coisas. Essa proximidade toda sem a intimidade completa. Confesso que talvez seja o que me seduz, o incompleto que funciona tão bem, talvez melhor do que uma peça inteira, intacta. As vezes acho que isso vem da curiosidade natural do ser humano, afinal quem quer brincar com quebra-cabeças montado? Não existe tesão em observar aquilo que simplesmente se mostra completo, só se enquadra o quebra-cabeças que temos dificuldade de montar. Mas vejo chegando a hora de encaixar mais algumas pecinhas, mas por favor, não vamos encaixar as margens. É, eu sei, é por onde costumam começar, por ser mais fácil, mas me entenda... Só não quero cometer os mesmo erros de sempre, limitar. O fato é que as vezes podemos criar novas peças sabe? Começando do meio a gente nunca precisa parar de montar, como se fosse um brinquedo mágico, desses que nunca acabam. Seria fantástico né? Ir criando cada dia novas imagens sem se preocupar em pôr um fim, sem se tornar vítima de números, ou objetivos, ou qualquer coisa que signifique obrigação. Se teriamos que tentar completá-lo todo dia? Obvio que não, meu bem... Veja, a magia da nossa brincadeira se encontra no inusitado, a gente vai criar o que tiver vontade e quando tiver vontade, assim, livre como se pode. O importante mesmo é continuar brincando enquanto houver vontade... Realmente, essa pecinha é daqui, acho que estamos montando algo bonito, mas ainda não consigo saber o que é... Você realmente acha que é isso? É, talvez seja, vamos descobrir mais tarde certo? Sim, vamos enquadra-lo no final e colocaremos na parede mais bonita da casa, aquela que guardam as fotos bonitas e todos os sentimentos que nos fazem sorrir. Sim... nosso quebra-cabeças vai nos fazer sorrir, é tudo uma questão de ter paciência para aos poucos ir encaixando as peças corretas. Sabe, nós iremos nos confundir as vezes e colocar uma peça ou outra no lugar errado, mas fique calmo. No final eu sei que vai ficar bonito. Como eu sei? Não vejo nada ruim vindo da gente, nem mesmo acho que possa ser vazia a hora de enquadrar o brinquedo e pendurar na parede. Talvez seja caro fazer isso mesmo, vai custar esforço e dedicação, mas preciso que entenda que eu nunca vou conseguir dormir sabendo que deixei a imagem pela metade vendo tantas peças para serem colocadas e tantas coisas bonitas para serem vividas, digo, desenhadas.

sábado, 18 de setembro de 2010

CaioF.

"Não vou fazer rodeio nenhum para dizer que estou muito preocupado com você. como também não vou fazer rodeio para dizer que me senti muito magoado quando fui vê-la, no domingo. você me conhece um pouco e sabe que eu só voltaria a sua casa se não tivesse um mínimo de amor-próprio. ainda tenho, não voltei. em toda a sua atitude, você procurou deixar bem claro que estava-muito-ocupada-que-tinha-muitas-coisas-a-fazer-e-se-eu-quisesse-telefonasse-outra-hora. haja, não é? Entenda bem: não me veja tentando reatar uma história de amor já bastante espatifada (ou talvez sim, mas você não me deu chance e a coisa mais saudável que eu podia fazer era entrar noutra). Acontece que, com ou sem cama, gosto profundamente de você. e você, faz tempo que não está me dando chance de gostar de você. sem pedir coisa alguma, além de uma certa delicadeza, de um certo estar presente e não fugindo o tempo todo. não estou dentro da sua cabeça, mas acho que posso compreender um pouco pelo menos, a sua confusão e a sua dor com esse problema. mas escuta, chê: não é afastando as pessoas que te amam - como eu, por exemplo - que você vai se sentir melhor. repito que estou preocupado com você. fico pensando o dia inteiro, e querendo saber coisas, que você me escreva, que me ligue, que você me diga qualquer coisa para que eu possa estar do seu lado. você não está permitindo isso, e eu não estou sabendo como agir. entenda que eu quero estar com você, do seu lado, sabendo o que acontece. de repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-la. então desculpa, não insistirei mais.

Eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas. bobagens? pois é, se quiser ria como você costuma rir para se defender. não estou me defendendo de nada. estou perguntando a você se permite que eu tenha carinho por você, sua idiota.

Olha, não se sinta pressionada por nada disso. nada te obriga a responder nem nada. pode ficar em silêncio, se você tiver vontade. mas estou aqui, continuo aqui não sei até quando, e quando e se você quiser, precisar, dê um toque. te quero imensamente bem, fico pensando se dizendo isso, quem sabe, de repente, você até acredita. acredite.
Um beijo grande,
Caio.”

Trechos de uma carta de Caio Fernando Abreu.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Epifania.

Uma pequena epifania, certo, não tão pequena assim, afinal 1,78 de altura já é um tanto de tamanho. Mas foi assim que se fez... Como Caio já descreveu de uma forma que eu jamais conseguirei fazer, uma pequena epifania e ainda de Libra, como no conto. Uma prova de que o destino vezenquando traz essas coisas boas, esses dias bonitos de sol e até mesmo os que amanhecem com o céu nublado para nos assustar e depois repentinamente as nuvens desaparecem.Nesses dias que as vidas vão se emaranhando e você se sente completamente protegido pelo campo magnético daquela outra pessoa. Sabe que tudo vai dar certo porque tem aquela mão segurando a sua e aquele sorriso tímido e confortante como refúgio. Talvez eu esteja fugindo um pouco do contexto, talvez não devesse usar 'uma pequena epifania', talvez devesse tentar citar um conto que tenha mais sentimento vivido, porque de certo houve intimidade e houve o momento em que a menina e o bassê fugiram do mundo e puderam correr juntos pelo parque. Mas é que eu só penso nisso como uma epifania, seja grande, pequena ou média... certamente é o que alimenta nos domingos e afugenta o medo, sem dúvidas uma pequena revelação pífia de Deus, feito jóias cravadas no dia-a-dia.

domingo, 12 de setembro de 2010

Moleca.

Quando te disse que você foi um achado na minha vida, e você no mesmo instante rebateu dizendo que - sem doce - na maioria das vezes os achados não serviam para muita coisa.. eu só consegui pensar: "você não entende nada que os meus olhos estão querendo te dizer, não é? mesmo no escuro eles tão falando, olha, você vai ver."
Com doce ou sem doce, com ego ou sem ego, orgulho ou não.. eu só queria que você tivesse certeza, absoluta, que te guardo aqui. bem aqui sabe.. como o melhor achado repentino de duas vidas, digamos, aleatórias. e nisso você há de concordar comigo: quão ocasional foi quando nos achamos. sequer poderia deixar você pensar que é um achado comum ou tampouco, tão pouco, entende?
Nesses meus três últimos dias, você tem (pre)enchido minha cabeça de um jeito que eu não sei explicar, nem te descrever. existe ainda uma quantidade de coisas que sinto que queria dizer, mas não cabe agora. e lembrar-te-ei que te quero aqui. perto e dentro.
ps: só pra não perder a oportunidade: pensei em você quando ouvi hoje sobre o "bom e o certo".

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mais uma vez Amor

“Ainda lembro que queria muita coisa, queria engolir o mundo, queria ler todos os livros que já escreveram, dançar todas as danças que já fizeram, queria conhecer a Tailândia, a Patagônia, queria votar pra presidente, ter um livro, queria todas as alegrias, tristezas, todas as desgraças que esperavam por mim, queria fazer diferença sabe. Só queria te levar junto, ter te arrastado comigo pra onde você quisesse: Paris, Londres, sei lá. Não sei que estrada você pegou, mas eu não tava lá pedindo carona.
Era sempre assim, a gente ficava junto, eu ficava louca de amor e daí você desaparecia, depois voltava me dava mais um dose de amor e eu ficava escrava de novo. Foi assim desde quando te conheci. Você falava pra eu fazer e eu fazia, você falava de novo, eu fui lá e fiz isso e você nunca percebeu porque toda vez que eu tava seguindo uma ordem sua, você me dava outra e daí eu ficava correndo atrás, correr, correr e nunca chegar na hora. Não achei isso justo nem comigo, nem com você, só que entre o certo e o errado existe um mundo todo.
Por você eu não conheci a Patagônia, não conheci a Tailândia, não li todos aqueles livros que eu queria ter lido, nem dancei todas as músicas que eu queria ter dançado. Não vou fazer a menor falta quando eu morrer nesse mundo. Fui covarde, confesso, desculpa se não fui a pessoa que você esperava, larguei tudo para ser a menina que eu esperava.
Tempos passaram e ao te encontrar, tudo parou em câmera lenta, olhando pra você lembro e penso em tudo que eu não vivi, e é uma porrada na minha alma entende? Devia ter te arrastado para Paris, a Torre Eiffel na sua janela. E sabe o que é pior? É que eu to aqui tremendo feito quando te vi primeira vez, igual, eu fico aqui morrendo de medo de você me achar feia, de você me achar boba, de você me achar sem graça, porque você continua sendo a coisa mais linda desse mundo.
Olhar pra você foi a coisa que eu mais fiz nessa vida. Eu te esperei durante todo esse tempo aqui. A gente é mesmo incompetente porque nem no mesmo lugar a gente conseguiu ficar não é? Sei lá, vai ver que é o nosso jeito. E agora que a vontade aperta de novo, e o coração não tem mais nem porque bater, eu só lembro que os opostos se atraem mais não necessariamente se misturam mais.”

Texto retirado do filme "Mais uma vez amor".

sábado, 4 de setembro de 2010

yellow

Foi a lua quem fez eu me apaixonar por você. Não que eu seja eternamente apaixonado, ou sequer ainda esteja interessado. Mas me lembro bem que naquela noite fria em que estavamos só nós dois olhando ela nascer, apenas um fio amarelado e grosso por entre a escuridão do céu. Céu este que no meio de tanta escuridão deixava aparecer pequenos pedaços de diamantes escondidos naquela imensidão. E foi em meio a isso que nossas mãos se encostaram, primeiramente os dedos tímidos sentiram uma unha encostar na outra... depois do que pareceram horas os dedos começaram a se entrelaçar. Havia sido dada a largada, e toda aquela vagareza ficou para trás, os dedos não mais tímidos se pressionavam e os olhares se puxavam, e como se houvesse um imã entre uma pupila e outra elas foram de aproximando até que os lábios impediram de continuar o progresso.Língua na língua, mão na pele, corpos não mais tão separados, suor escorrendo, vento frio batendo e entre um ofegar e um suspiro aquela linha amarelada invadia a retina e me convencia de que eu devia me apaixonar por você. Agora por favor não me culpe, ou sequer me agradeça... é tudo por causa dessa senhora, lua.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ilusão de Óptica

Um ser caleidoscópio. Um conjunto de fragmentos que se moldam de forma aleatória a cada vez que a vida vem e o sacode. É de tudo um pouco e ao mesmo tempo nada. O mais importante talvez seja a falta de sentido, a falta de forma, essa coisa intrigante que faz o outro sempre esperar para ver no que irá se transformar. Caleidoscópio humano de cicatrizes, dessas que a vida vai esculpindo pouco a pouco, e como todo caleidoscópio é preciso bem mais do que os olhos para saber do que ele realmente é feito. Só depois de ver várias imagens aleatórias que se formam quando se coloca contra a luz é que se tem uma vaga idéia do que dá origem a cada cor. E depois de dias sendo manipulado de lá pra cá, no fim, o caleidoscópio cansa de esperar que seja alcançado aquele ângulo perfeito para mostrar o que deseja que seja visto. É aí então que se espatifa, acabando com todo e qualquer encanto, restando apenas o fundo preto estilhaçado.

começo.

E no fim sobra o começo. Porque quando vai chegando a hora, aquela maldita hora de dizer adeus, de abandonar o barco, parece que uma bomba explode e leva os últimos dias com ela. É engraçado como no fim só nos resta o começo, quando ainda não se pensava no fim, quando de fato sequer se pensava. O meio? Bem, o meio fica fragmentado como um mosaico, a gente nem sabe direito o quê fez parte do quê e quando aquilo aconteceu, porque não se sabe mais quando deixou de ser bom, quando se tornou pedante. Quanto ao fim, bom, ele chega e leva muita coisa, mas ao menos ainda nos resta o começo e nos cabe o recomeço.

você me sabe.

- oi, te vi aqui tão só, posso saber seu nome?
- eu não tenho nome pra te dizer.
- te chamo então de acaso e pode me chamar de sorte se preferir.
- prazer. agora que falou assim acho que te conheço de algum lugar..
- já devo ter passado pela sua vida, mesmo sem você ter me notado.
- é talvez possa ser.. você já me viu antes?
- acabei de descobrir que já.
- não é todo dia que a sorte e o acaso se encontram.
- e não é todo dia que esse encontro dá certo.
- hoje é um dia de sorte, então?
- e de acaso.
- pensei que esse dia nunca fosse chegar.


não muito me importa que o acaso seja de domínio público, que esteja aqui ou em outros lugares todos os dias. agora tanto faz se eu te escolhi como o acaso, porque de fato o acaso me sorriu com sorte.

domingo, 29 de agosto de 2010

Qualquer Coisa.

É que você me da vontade de escrever. Escrever qualquer coisa, só pra sentir qualquer coisa. Não qualquer coisa de uma forma jogada, aleatória, mas um qualquer coisa exato. Sabe? Cheio de surpresas, por isso é qualquer, e costumam ser surpresas interessantes, com leveza de pluma e beleza de um pássaro, desses que voam bem alto e a gente quase nunca vê. Qualquer coisa assim, molhada, não por lágrimas ou por chuva, mas por suor e por saliva... salgado, mas com um gosto doce de quem sente qualquer coisa. Seco, não como um deserto ou brasília em agosto, mas como um vinho saboroso que corta a garganta após se deliciar com um filé. Escrever qualquer coisa, qualquer palavra, pra sentir o gosto, pra sentir a escrita fluindo e indo até o logo mais, até o limiar da sinestesia, da soma dos sentidos, do real... Qualquer coisa que beire o surreal, o irreal... Qualquer irracionalidade, qualquer rato selvagem ou onça domesticada. Assim, um qualquer, pelo gosto de escrever, pelo gosto do você, pelo gosto do querer.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Geometria Analítica

Não é de todo um vazio. É como se fosse uma lacuna quadrada tentando ser preenchida por um losângulo, de modo que este deixa espaços incompletos ao mesmo tempo que ultrapassa alguns limites. Não que o espaço tenha a forma errada, ou que o losângulo tenha de aparar suas arestas. Cabe perceber que nem sempre as coisas se encaixam, nem sempre cabe toda a água no copo. E mesmo que caiba, com o passar do tempo ela pode virar gelo, e ai sabe como é... vezenquando o copo estilhaça. Ao mesmo tempo tudo é mutável, e o espaço quadrado de hoje, pode vir a ser o espaço retangular de amanhã, e o losângulo a esfera. Novamente é forçado o encaixe, outra vez não funciona... É, a vida tem disso, de querer nos confundir com metáforas... e anáforas.

Preferência.

é como se com você houvesse paz, o que não me é de costume ter. como se a prosa fosse regada de calmaria, dá pra entender? tudo estava envolto de uma tranquilidade. era quentinho e calmo. poderia até falar que tinha tom de azul bem clarinho. mas tornou-se um vermelho puxado pro marrom quando a realidade veio dilacerar toda a minha utopia (de novo). talvez por isso essa raiva maior ainda me consome e não sai da cabeça. talvez por isso essa vontade de escutar qualquer coisa que me faça voltar ao azul. queria não ter que desistir do achismo. porque eu podia achar que era com você. não queria dizer isso pra mim, muito menos pra você - até porque não cabe ficar dizendo lorotas agora - mas havia muita calma por dentro quando esse era o assunto. havia do verbo, não há mais. e lá vem a revolta de novo por terem arrancado isso daqui, como que na marra. por outras pessoas virem esfregar na minha cara que a vida não é e não vai ser da cor do céu contigo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

mudança.

hoje acordei com o pensamento em você e no amor. pelo menos em uma possibilidade dele. hoje acordei querendo saber mais, conhecer mais, chegar mais, entende? acordei e o pensamento de costume não chegou. é como se ele tivesse atrasado e pronto, bingo. passou. foi assim que aconteceu hoje. os pensamentos chegaram trocados. e por sinal, que bom!
bem-vinda aos meus pensamentos corriqueiros. pode entrar.

"que me perdoem se eu insisto nesse tema mas não sei fazer poema ou canção que fale de outra coisa que não seja o amor."

domingo, 22 de agosto de 2010

Desapego

A arte da vida não está em se apaixonar, ela reside basicamente em aprender a criar e direcionar suas paixões. Olhar aquela pessoa qualquer que passa e escolhe-la, depois conhece-la pouco a pouco, fingindo se surpreender ao passo que vai descobrindo tudo aquilo que já imaginava sobre ela; com o andar da carruagem perceber pequenos defeitos e se apaixonar por eles. Aí passar a ver alguns defeitos maiores, incômodos e intoleráveis, daí deixar isso crescer. Então, quando não valer mais a pena, caminhar até a próxima janela e olhar quem passa.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Querer

Eu quero me apaixonar por ele, mas sabe que às vezes vem aquele medo de perder o que a gente nem tem? A insegurança toda daquilo que pode vir a ser, e o medo de enfrentar de novo toda a saudade, a famosa saudade daquilo que a gente não viveu. E os planos? O que vão ser deles? Se é que vão ser eles algum dia... E por que precisamos de tempo? Quem é o tempo senão um louco que quer ditar quando devemos fazer as coisas? Cansei dele, cansei de ter que deixar ele agir pra que as coisas se consolidem, cansei de ti, tempo. E não quero mais ouvir falar em você, nem em paciência... Nem sei mesmo o que ela é. Só sei que eu quero me apaixonar, quero agora uma paixão dessas que não existem dúvidas e que o tempo não significa nada além do inimigo que quer separar os amantes. Quero uma paixão dessas que duram a vida, mesmo que a vida seja 10 minutos. Eu quero.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

drink.

Então vou tentar organizar essa bagunça aqui dentro. É como se fosse um drink né? Pelo gosto que me azeda a boca tem vodka, uma dose de desapontamento, outra de inconformação. bem, degustando lentamente dá pra sentir algumas mágoas, nada muito forte, mas ali, bem sutil. Estando assim, como eu tô, sem vontade de levantar da cama, deve ter rivotril e um pouco de tequila, além claro de cansaço. E como isso ficou assim? Certamento foi porque inúmeras vezes ignorei os avisos e quis colocar tudo no copo, quis beber todos os copos e corpos e quis acreditar que todos iriam me fazer sentir melhor. Muitas vezes acabo bebendo bebidas baratas que pioram a mistura, e me trazem uma manhã terrível, com um vazio no estômago e uma vontade de nunca ter colocado minha boca naquela boca de garrafa. Outras vezes me chegam como presentes aquelas bebidas bem docinhas, que enganam no começo, se mostrando agradável e suave, mas no dia seguinte a minha cabeça realmente dói tanto que ouvir falar desta bebida me dá uma vontade de sair correndo e vomitar.Ainda existem aqueles wiskys encorpados, que te fazem sentir vivo, te trazem as maiores loucuras e diversões, mas que invariavelmente acabam antes do que esperava. Cada bebida com sua característica, com suas qualidades, defeitos e consequências... Mas aí você me pergunta o que eu tirei disso tudo. Bom, se alguém tiver água pra me dar... ouvi dizer que é o melhor remédio pra ressaca.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

tô de altas.

sabe menino birrento? sabe? isso tá igualzinho. bate pé, faz cara feia, chora se for preciso.. mas não fica quieto. não fica mudo. não brinca de estátua. e olha que eu já pedi, viu? já tentei dar doce, ofereci brinquedo, figurinha de álbum.
como trata criança assim? como trata sentimento assim? não é mais seguro brincar de casinha do que de esconde-esconde?
espera aí, o menino birrento é você ou sou eu?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Jamelão.

Tive uma idéia! Fazer uma história legal de uma conversa legal de um amor legal. Começo pelo amor, então conto um pouco da conversa e consequentemente a história estará feita. O amor é doce, é apaixonante, é estranho mas ainda me é extremamente confortável. O amor é amável e basta olhar para conseguir sentir isso que eu digo. O amor é daqueles que não tem jeito de acabar. Não vinga, mas não se mata. E não mais me incomoda conviver com ele no peito. Esse amor, esse do qual eu falo ainda tem ciúmes. não é raiva, não é tristeza, não é nada ruim... é ciúmes. simplesmente ciúmes que adora ser sentido mas que às vezes pega de surpresa e nos traz o “por que?” é daí que chegam às conclusões que não consigo tirar por estar longe de você.

E assim estava escrito bem na minha frente:
“que quando eu sinto ciúmes é porque eu queria você só pra mim (eu sei, é tão egoísta), mas eu queria, mas eu não tenho, (por isso é tão mais egoísta). E sentindo isso, longe de você por um, dois meses ou até mais, eu tenho certeza sempre que você, até hoje (e acho que única), é a única mulher da minha vida. A única paixão mulher... (um pouco preconceituoso isso, porque paixão é paixão né?) mas é isso. E quando te vejo eu só sinto que tá adormecido aqui, tudo isso... que eu tô num momento ótimo da minha vida e que você tá nele, sempre.”

Depois desse amor, depois dessa conversa, eu definitivamente poderia passar o resto dos meus dias te olhando, até porque, esse seria um final legal pra nossa história legal.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ashes

E mesmo com a cama mais cheia do que nunca, você acorda e sente ela vazia. Sem braços ou abraços, sem sequer um contato. a manhã fria, a cama quente, o coração gelado e as pernas entrelaçadas. Só isso, nada mais... nem um fluxo de sentimento, ou de satisfação. Só uma sensação de que passou, de que não se quer mais. Você num canto encolhido, eu no meio tentando procurar algum resto. Resto de que? Resto de qualquer coisa que ouse dizer que estava errado e que suas cinzas vão ao vento. Só não repita isso, só não deixe eu pensar que no final suas cinzas vão vir sempre pra mim. Até porque raspas, restos, cinzas, guimbas, qualquer pouco me interessa e me interessa muito, já que no pouco a gente descobre o muito, o tudo... Afinal, ouvi dizer uma vez que o amor começa na carne e depois sobe ao espírito, então não me venha com mais carne se não tiver um espírito para que meu amor alcance.

domingo, 8 de agosto de 2010

Minha Vida Sem Mim.

Essa é você, de olhos fechados na chuva; nunca pensou que fosse fazer algo assim. Você nunca se viu como... não sei como descrever... como uma dessas pessoas que gostam de olhar para a lua, ou que passam horas contemplando as ondas ou o pôr-do-sol. Deve saber de que tipo de pessoa estou falando. Talvez não saiba, seja como for, você gosta de ficar assim, lutando contra o frio e sentindo a água penetrando por sua camisa e tocando sua pele, e a sensação do chão ficando fofo debaixo do seus pés, e o cheiro, e o som da chuva batendo nas folhas, de todas as coisas que estão nos livros que você não leu. Essa é você. Quase teria imaginado.. você.
Seu pai bebia uma garrafa de uísque e chamava de café-da-manhã, ou você fica bêbada só de tomar uma cerveja, e você tem vontade de tomar todas as drogas do mundo, mas elas não vão mudar a sensação de que sua vida toda foi um sonho e só agora está acordando.
Pensar. Você não está acostumada a pensar, quando todas essas coisas acontecem a todo tempo e você nunca tem tempo pra pensar. Talvez esteja tão sem prática que esqueceu como se pensa. Vontade de fumar e beber o quanto eu quiser, dizer o que estou pensando, fazer amor com outros homens só para ver como é, fazer alguém se apaixonar por mim... mas não. Você está sozinha. Nunca esteve tão sozinha em toda a sua vida. As mentiras são sua única companhia, agora você vê as coisas claramente. Vê todas essas vidas emprestadas, vozes emprestadas. Você olha para as coisas que não pode comprar, agora você nem quer comprar. As coisas que ainda estarão aqui depois que você se for, quando você morrer. Aí você se dá conta de que todas as coisas nas vitrines brilhantes, todos os modelos nos catálogos, todas as cores, as ofertas especiais, as receitas da televisão, aquele monte de comida gordurosa, tudo está lá para nos afastar da morte. E não funciona.
Quer saber por que estou assim? Querem mesmo sabe? Estou assim porque aos oito anos ouvi minha melhor amiga dizer a todos que eu era uma vagabunda. Estou assim porque aos quinze anos não fui convidada para a única festa à qual eu já quis ir na vida. E aos dezesseis tive que crescer da noite pro dia. E não tenho mais sonhos, sem sonhos não dá para viver. Estou assim, porque não vejo meu pai faz anos, não tenho nada dele, nem sequer uma droga de postal. E em todos os lugares estão todos tão felizes e o dia todo eu continuo assim. Alguns de nós, não podem levar o tipo de vida que algumas pessoas querem. Por mais que a gente tente, eu não consigo.
Quero que entenda porque não lhe contei que ia morrer, acho que nunca vai me perdoar. É só mais uma coisa pela qual me culpar. Mais era o único presente que eu poderia dar a você para poupar todas as viagens ao hospital, o estresse, o tempo nas salas de espera. Eu sei que vai entender que tenho razão. Imagine um paraíso para mim. Sempre amei, amo e amarei você. Só porque você virou o mundo para enxugar minhas lágrimas.
Eu rezo para que essa seja a minha vida sem mim. Você reza para que seu amor acabe amando outra mulher e procure aproveitar a vida um pouco, só um pouquinho, seria divertido. Para que procure gostar mais das coisas. Você reza para que tenha momentos de felicidade tão intensa que faça todos os problemas parecerem insignificantes. Você não sabe para quem está rezando, mas reza. Você nem sequer lamenta a vida que não vai ter porque você já estará morta e os mortos não sentem nada e nem lamentam.
Quando receber isso, saberá que estou morta. Talvez você esteja zangado comigo ou magoado, triste ou decepcionado ou talvez tudo isso junto. Saiba que eu me apaixonei por você. Não ousei lhe dizer porque creio que você sabia e eu não sabia que tinha tão pouco tempo. Se tem algo que eu não tive bastante ultimamente, foi tempo. A vida é bem melhor do que você pensa, meu amor. Sei disso porque você me ensinou que quando você olha para uma pessoa, você consegue ver 50% dela e tentar descobrir os outros 50 é o que estraga. E você se apaixonou por mim apesar de ter visto quanto menos, 10% de mim? Talvez 5? Talvez se tivesse visto tudo não teria gostado de mim, ou teria gostado apesar de tudo, acho que jamais saberemos. Uma última coisa, você deve ter confiança em si mesmo. Confiança em sua habilidade de fazer as coisas para obter algum êxito. Quero mesmo que seja feliz. Nenhuma das coisas com que você sonhou aconteceu. Tente entender. Não fique bravo por causa disso. Se tiver uma pessoa nova, tente amá-la tá bem? Não torne a vida impossível só por lealdade a mim. Sei que não é a mesma coisa. Por favor se aceite. Não quero que a próxima mulher não tenha nem a chance de te conhecer. Nem todo mundo é louca como eu.
É difícil sabe, amar alguém e não conseguir fazer essa pessoa feliz. É como se você amasse essa pessoa mas não conseguisse amá-la como ela deseja, entende? Eu gostaria de ter sido melhor pra você. Não deixe que fique triste ao se lembrar de mim, lembre-se das coisas legais que fizemos juntos. Se algo incomodar você e tiver alguma dúvida, pergunte e a vida te dirá. Espero que ela saiba te explicar. Acho que você podia se divertir um pouco. Você é lindo e tem um grande coração. E quando achar essa pessoa, ame-a por isso e por favor diga isso à ela. Mostre que a ama todo dia um pouquinho. Talvez a uma certa altura você esqueça mesmo desse meu medo e que eu estive viva ainda. E isso tudo, as palpitações, os nervos, a dor, a felicidade, o medo.
Quis você o tempo todo, quis cuidar de você e das suas coisas. Sempre fui classicamente apaixonada. Adorei dançar com você. Eu te amo.

Texto retirado do filme "Minha vida sem mim".

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cerveja e Marlboro.

Hoje é dia de coração apertado. De nem saber porque isso tudo passa pela minha cabeça. Dia de inquietude e acabar com um maço de cigarros. Dia esquisito hoje não é? Isso tudo porque o céu tá azul e o vento agradável... mas é lá fora, aqui dentro alguma coisa tá gritando sem parar e eu sequer sei o que é ou onde está escondida. Se pelo menos eu pudesse entender que gritaria é essa e porque o coração tá disparado seria ao menos um rumo por onde começar... Mas começar o quê? Sabe-se lá, Deus. Quero mesmo é uma cerveja gelada e um marlboro, se isso cura até coração partido certamente dará um jeito nessa sensação esquisita que vezenquando invade o estômago e misteriosamente aperta o coração, sem avisar, sem pedir licença ou sequer falar do que se trata. É isso, cerveja e marlboro.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

teu segredo

pode parecer estranho - até porque não tive muitas atitudes - mas é como se tivesse feito tudo que estivesse ao meu alcance ou tudo que você merecesse que eu fizesse. lavei as minhas mãos. fiz o que achei que devesse fazer; mais por mim do que propriamente por você. agi com sinceridade quando me foi conveniente. e até agora eu não aprendi a não me importar. talvez eu deva ter coração demais ou piedade demais ou ingenuidade. seja o que for, continua acontecendo igual. o problema deve estar na entrega. deve estar no gosto, só pode. então a partir de agora o princípio é guardar. a nova regra é ser insensível. é não demonstrar. é não se importar. é não querer. tá bom assim pra você agora? não vou mais gostar de você. porque se eu gostar, eu sei que você vai embora. e eu não quero que vá. de jeito nenhum eu quero que vá porque mesmo que tudo seja duro por fora, aqui dentro ainda bate o seu coração - em segredo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CaioF.

EU — É possível um rio secar completamente?
ELA — Claro que é.
EU — Mas será que ele não enche depois? Nunca mais?
ELA — Alguns sim, outros não.
EU — Mas nunca mais?
ELA — Sei lá, acho que não.
EU — Você tem certeza?
ELA — Certeza eu não tenho. Só estou dizendo que acho. Afinal não sou nenhuma especialista em matéria de rios, secos ou não.
EU — Sabe?
ELA — O quê?
EU — Eu tinha esperança que o rio voltasse a encher um dia.

Caio Fernando Abreu

Medo do Escuro

ainda não sei se tudo se perdeu porque eu falei demais, porque eu contei vantagem ou porque eu fiquei feliz. fato foi, se perdeu. se perdeu no tempo, no jeito de ser, se perdeu nos planos da semana seguinte. minto, nem tudo se perdeu.. ainda restou um tico de vontade de esperar pra ver se passa, sobrou uma mistura de "futuro promissor" com "verdade batendo na cara". restou uma saudade estranha - que nem sei se pode ser chamada de saudade - daquela semana passada. e ficou ainda aqui uma vontade de pedir pra você entrar pela porta aberta antes que eu peça pra você apagar a luz de vez quando sair.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Rabisco

é curioso observar mudanças de sentimentos por você. não digo ser bom ou ruim, apenas, curioso. na verdade eu até que gosto de ver isso mudar exatamente como sempre aconteceu. o gostar se confunde com aquele "querer bem" gostoso de sentir, e o querer bem vai se modificando, se encaixando no que me é permitido por limitação humana. porque às vezes dá vontade de gritar tão alto, pegar toda essa mistura gostosa de "sentir" botar no peito e guardar com cuidado para não deixar acabar, virar doce, amaro demais, azedo. e aí chega o dia em que percebo que se tornou natural esse furacão de questionamentos, eles vão se apagando, um por um, como se não fizessem mais sentido tê-los, passou o momento. aí então você me chega, me toma, eu fico tonta de amor de novo mas não demora mais que meia hora ou até a música terminar de tocar. te contaria, se soubesse, onde o meu amor acabou, onde "a gente" não fazia mais sentido, apenas eu e você. no singular sabe? ainda não consigo ter tanta sinceridade ao ponto de te contar minha vida ou gostar de saber da sua, mas sempre por algum motivo eu acabo sabendo, mas e daí num é? eu te amo tanto. do mesmo jeitinho.
"É Deus, parece que vai ser nós dois até o final".
pode entrar, pode sair gente, pode ficar ou só passar. vai ser sempre você. com o sentimento mudado, mais incrivelmente gostoso de sentir em cada pontinha sua. não posso dizer que não sinto falta de um mundo nosso e das nossas coisinhas só nossas, porque eu sinto, sinto, sinto e posso dizer pra quem quiser saber. principalmente dos apelidos mais bobos, das brincadeiras de criança, ou de contar histórias para te fazer dormir. mas estamos voltando pro me-faz-bem-e-eu-quero-por-perto-de-qualquer-jeito.
"que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou".
e é exatamente isso sabe.. não que ela tenha parado de tocar.. simplesmente os nossos ouvidos não escutam mais do mesmo jeito, assim como nossos corações não batem mais no mesmo ritmo. mas olha que lindo, ainda batem, entende? sim. isso é lindo. dá pra sentir bater quando estou indo te encontrar, dá pra sentir com o seu cheiro antigo, com a sua presença, lembranças. olhando nos seus olhos ou até mesmo quando a nossa música não toca mais. fazia tempo que eu não te escrevia né? tava aqui dormindo, sonhei com você mais uma vez, acordei com o coração na mão, esse coração, esse, o seu.
"tive um sonho ruim e acordei chorando, por isso eu te liguei. será que você ainda pensa em mim?"
saiu um pouco desajeitado, algumas palavras soltas, meio bagunçado. como eu costumo ser. mas boa parte está aqui.
buona notte, mio amore.

domingo, 1 de agosto de 2010

Efeito Borboleta

Tem certas coisas que a gente realmente não sabe dizer. Quando as borboletas que moram no estômago sobem até a garganta e num bater de asas esvoaçante roubam qualquer palavra que ouse tentar ser dita, mas pior mesmo são as mais atrevidas, que numa cruel aventura chegam até nossa cabeça, e batendo suas pequenas asas causam tufões do outro lado. É uma mistura louca, não se sabe bem aonde a racionalidade vai te levar ou o quê seus sentimentos querem mostrar. Mas mesmo assim queria te dizer algumas coisas, mesmo elas não querendo ser ditas e se escondendo no meio das cores e ventos dessas borboletas. Não. Não quero dizer como me sinto, nem saber aonde eu errei, aonde erramos. Eu queria saber mesmo se poderia ter sido diferente, ou se já era pra ser assim, pouco... Não... Não digo que não foi bom, ou que não valeu a pena,nem sequer estou fazendo pouco caso, nem poderia. Nem acho também que valha a pena dizer qualquer coisa pra tentar mudar a situação, até porque a situação não é mais nós dois, são vocês dois. Eu queria dizer um tanto de coisa mesmo, coisas que me fizessem ver como não deixar isso acontecer na próxima vez ou que me fizessem acreditar que era pra ser só isso mesmo, pelo menos por agora. Eu queria dizer que é engraçado como mesmo achando um pouco ruim não deitar na sua cama ainda me é extremamente confortável sentar no seu sofá, e por isso eu queria te dizer essas coisas. É um pouco de vontade de deixar a porta entre-aberta pra que não seja tudo tão pontual, até porque nunca foi. Não, não é dizer 'pode voltar quando quiser, a casa está sempre aberta', é dizer 'não vejo porque fechar a porta pra algo que me deu tanta coisa boa em pouco tempo, dali ainda pode vir muito mais.'. É, eu sei, um pouco sutil a diferença, mas é fundamental entender isso. Eu só queria dizer que eu não espero, mas talvez ainda quero. Acho que você deve entender que algumas vezes é difícil deixar passar o que poderia ter sido, eu sei que você sabe. Pouca coisa cabe dizer agora, é, eu sei, mas eu queria dizer.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ainda era Outono.

o céu azul piscina. a grama verde limão. a brisa gelada que dança com os galhos mais finos da copa da árvore da frente da sala. o mundo parou na rua engarrafada lá fora. mas que mal tem? hoje é o dia mais bonito do ano! o típico outono finalmente chegou. ah, o outono. olhando pela janela dá pra ver duas mulheres pegando um ônibus e indo para algum destino em comum, rumo asa norte. mas a outra, a da blusa amarela, de óculos, continua ali sentada com a mesma perna cruzada tem pelo menos 15 minutos. ainda assim ela parece feliz porque de lá, dá pra ver mais o céu e sentir mais o vento. Os motoristas, nos carros parados, cantam. deve ser porque é outono. sempre existem tantas borboletas assim, ou só fui reparar nisso hoje? as árvores estão cheias delas, e são todas das coloridas. de onde você tá, você também consegue perceber isso?
me diga que hoje você parou para reparar no tanto que o dia está lindo? tá com cara de dia especial. daqueles que dá vontade de correr pela grama verde clara, até cair mais na frente e ficar ali mesmo, parada, olhando o céu piscina, sentindo o vento gelado te abraçar de tão gostoso que ele tá. sabe esses dias aleatórios que surgem vontades de filme? é hoje!
alguém no fundo fala sem parar. mas o meu olhar parece estar preso nesse pedacinho aberto da janela que admira o mundo lá fora. daqui, cada árvore lá na frente tem um tom de verde diferente, o que torna o colorido mais detalhado. tô dizendo.. o dia tá com cara de especial e não foi pelo sonho da noite passada, pelas conversas ou pensamentos mudados, ele tá mais bonito mesmo. por conta própria. não por ser dia ímpar, nem pelo motivo de estarmos no meio da semana. ah, acho que descobri que os carros parados logo alí, a moça de amarelo com a perna cruzada e a música que estava ouvindo antes de chegar aqui me lembraram você. esse gostinho de dia diferente está a sua cara! mas pera.. eu não te conheço. te vi uma única vez na vida e porque as coisas então me lembram você?
(Silêncio)
acordei diferente, ouvi los hermanos, senti o vento mais gelado que o de costume, vi o céu sem uma nuvem sequer e foi em você que pensei. e quis te encontrar. e te ver. e conversar. e me declarar. sim, senti vontade de te dizer uma porção de coisas. mas por um lado, ainda bem que não posso dizer tudo isso pra você. porque no final das contas, eu não sei me declarar. mas mesmo assim, o dia continua especial.


agora já são quase 5 horas da tarde. o sol continua amarelo e forte. mas o céu está levemente mais branco (é sinal de que vai fazer frio quando a noite cair) mas o vento agora sopra morno. típico vento quente da maresia, mas que é super refrescante lembra? só faltou o cheiro do mar pra eu pular dessa janela e ir ver a água. agora os passarinhos cantam mais, mas não vejo nenhuma borboleta. a rua ainda está engarrafada.. ah, quer saber? vem comigo? vamos pro lago?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

acordei assim

"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada (...)
Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você. Que sejam doces os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar. Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone. Que seja doce o seu cheiro. Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio. Que seja doce o seu modo de andar, de sentir, de demonstrar afeto. Que sejam doces suas expressões faciais, até o levantar de sobrancelha. Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado. Que seja doce a ausência do meu medo. Que seja doce o seu abraço. Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão. Que seja doce. Que sejamos doce.. e seremos. eu sei.." Caio Fernando Abreu

terça-feira, 27 de julho de 2010

até mais.

pode ser altruísmo da minha parte, mas está decidido. vou deixar você ir. ela não é ninguém muito importante pra mim, mas você se tornou, inexplicavelmente. e pela primeira vez eu estou pensando mais nela do que em você ou do que em mim. porque eu consigo imaginar como ela deve se sentir. deve ser coisa demais, deve ser gostoso demais sentir e eu não quero atrapalhar isso por parte dela. pela primeira vez na vida, eu parei para pensar nos 3 lados da história. e não foi por covardia que tomei a decisão. eu poderia me jogar de cabeça nisso, até te conquistar - com certeza eu poderia - poderia insistir até te ter mas e depois? e se não conseguisse? pouco importa porque eu ia tá feliz no final das contas por ter tido coragem mesmo depois que tudo. ouvir as pessoas dizendo "eu tinha avisado". sim. tinham. mas e daí? eu resolvi ir. eu tinha que pagar pra ver. e tive em todas as outras vezes, mas não nessa. não agora. não por esses motivos. interesses são passageiros, assim como as pessoas, como tudo na vida que segue seu ciclo. então eu não tenho pressa, não tenho urgência, nada grita por dentro, não tenho prazo nenhum. é como se eu tivesse vivido tudo isso só, entende? foi uma coisa que fui criando na minha cabeça e dentro de mim. eu fui forçando, você foi cedendo um pouquinho talvez por educação, talvez por curiosidade, talvez porque você é assim.. vai saber. e eu fui criando coisas malucas até chegar num ponto que eu tive que acordar. até agora eu não sei de fato se é somente minha imaginação, ou se poderíamos ter nos curtido. mas eu também não quero pensar mais. pronto. e decidi. vou deixar você ir.

“Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? “ Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 26 de julho de 2010

1º de Maio.

É, é bem o que ela me diz... Saber é diferente de sentir. Eu to cansado de saber muito, to cansado de saber que tenho tudo nas minhas mãos e eu simplesmente não consigo colocar em prática. E eu ainda sinto tanto, mas tanto... só que é como se sentisse tudo errado... às vezes penso que deviamos ter aulas de educação sentimental. Aprender a querer sem possuir, aprender a gostar sem ter necessidade de ter. Eu só queria mesmo não sentir essa ansiedade, não sentir tamanha insegurança e conseguir sentir o simples, o bonito, o que faz a gente estar junto hoje. Eu só queria mesmo me sentir completo ao saber que aquele sorriso vai estar sempre ali, que mesmo que amanhã a gente nem se fale, ele terá me dado esse sorriso, que foi só meu e mesmo que fique no passado, ainda estará ali.

como hoje.

grande merda. talvez eu devesse estar muito muito feliz.
eu estive durante um período de poucas horas, mas e aí? é só isso?
nem sempre as coisas andam como você gostaria que andassem.
no meu caso, as coisas andam a pé. e cada vez mais com passos desordenados.

Ontem

Caetano canta aqui no meu ouvido. fiquei ouvindo, só olhando as árvores. está na ultima faixa do cd e ele diz "linda, você é linda assim". sim. você é linda como ele me diz agora. mas buscando na memória - e não precisa ir longe - era um sentir diferente, mas - em segredo - foi gostoso ver o meu sentimento mudando por você.
você me perguntou ainda ontem se eu lembrava qual tinha sido a primeira vez que te vi, e eu te disse. fácil. também responderia a segunda, a terceira, todos os dias da nossa viagem. É.. pensando.. tenho um memória boa. em algum ponto - que não vem ao caso agora - você se tornou uma pessoa mais especial que o normal, dá pra entender? era um carinho mais gostoso de dar e receber, era o toque que arrepiava, eram os sonhos frequentes, era o meu jeito de sorrir te ouvindo cantar. cada conversa era melhor que a outra e assim foi. e em algum outro ponto, os sentimentos e pensamentos foram se encaixando em seus devidos lugares. e foi por isso que ontem eu tentei fazer o melhor para a melhor, sabe? foi uma noite maravilhosa, de verdade. me senti infinitamente mais aí.
dos detalhes, deixa o gostinho da lembrança aqui, só pra mim. Isso Caetano, ela é mesmo linda, e ela me apaixona. Ela e o seu abraço. é o que eu queria que você soubesse.
no mais, feliz dia.

"eu me lembro tão bem que ainda que não tivesse sido ontem, continuaria sendo ontem na memória." Caio Fernando Abreu

A Dona da História

"- Isso aqui é seu, tinha comprado para você, é seu.
- Eu não quero.
- Não se devolve presente.
- Eu não quero.
-Aceita vai. Nem que seja para dizer: “Aceito. Do que custa aceitar? Não tem importância. Eu não gosto dele mesmo.” Então diz, vai diz: Eu não te amo, diz. E aceita. Depois você faz o que quiser com isso, devolve, atira para Iemanjá, derrete, perde, sei lá, mas aceita. Em troca eu só quero um beijo.
- Eu não posso.
- É minha última cena, minha cena de despedida. Você me beija e eu vou embora, saio do seu filme para sempre.
- Se eu beijar você agora, vou querer beijar muito mais, a vida inteira. Eu vou querer casar com você para beijar você toda noite, até toda noite virar uma noite ou outra, até uma noite ou outra virar de vez em quando, até de vez em quando virar nunca mais. Até esse amor, que agora é tão grande nem se lembrar mais de como era no passado. Eu não posso, eu não posso ficar com você. Eu não quero gastar esse amor. Eu quero lembrar dele assim, para sempre do jeito que a gente ta sentindo ele agora.
- Nada vai mudar.
- Não depende da gente. É o tempo.
- Que tempo é esse capaz de mandar no meu amor? Não existe. Tá pra nascer esse tempo que vai me impedir de enxergar o que eu vejo, desejar o que eu quero, de amar o que eu sinto. Esse tal desse tempo é Deus fazer outro de mim? Deus de que tamanho? 20 séculos? 10 milênios?
- 30 anos.
-Ah, trinta anos.. quase nada. Eu espero tá? Só para provar para você que amor como esse não se mede por fita métrica, muito menos por calendário.
-Eu te amo, e eu aceito o presente. Aceito a história que a gente inventar. A vida que a gente tiver que viver."

Texto retirado do filme 'A Dona da História'

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Animalia

O corpo fala, o corpo grita, o corpo geme, o corpo suspira,o corpo pede, o corpo bebe, o corpo absorve, o corpo entrega. Ah o corpo... Ah, meu corpo... Ah, seu corpo...Em goles longos e saborosos, sem respirar ou parar de deglutir, assim, buscando cada vez mais corpo e esquecendo aquela vil convenção que tenta nos convencer que se deve buscar mais alma. Deixamos assim o corpo falar que, apesar de tanto pensar, ainda somos instinto, de uma forma deliciosamente animal, sem qualquer razão e sem sequer uma remota pretenção de controlar os desejos à flor da pele. Tudo pela sede imensa que todos temos de mais corpo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

temporão

Ela sorri e fala : Assim? Branco cor de nuvem? Não, azul, da cor de um mar calmo, que se encosta num cais enquanto sente um vento delicioso espalhando o perfume do cabelo. É, assim toda companhia tem um sorriso garantido. Toda?. É, mas algumas receberiam um maior, mais largo, mais bonito, mais sincero, seria um sorriso só pra essa companhia. E depois? Depois vem o branco cor de nuvem, nuvem que contraria o vento e fica paradinha sobre nós. Nós? Sim, nós. E o mar? E o cais? E o vento? Bem, pelo que vem depois eu deixaria de olhar o mar e o cais e o vento, por nós e pelo fascínio que eu teria ao mergulhar no branco cor de nuvem que irá preencher nossa mente quando os lábios se tocarem.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

passou do ponto...

Eu já falei que não é questão de desistir, passou da hora de você aceitar que não dá mais. Não, eu não estou mentindo pra mim, eu realmente sei o que sinto por você: nada. Por favor, não venha com essa história de 'você está sendo cruel', encare os fatos, encare a vida, seja homem! É, a culpa deve ser minha, ou sua, ou nossa... Isso realmente importa? Acho que os dois já perderam demais, não existe motivo pra buscar culpa. Me perdoe, nem sempre minhas atitudes eram sinceras, eu tentei querer mesmo sabendo que não queria nem tentar. Eu só quis mesmo dizer pra mim 'tentei tudo que pude', levantar a cabeça e seguir sem remorso, egoísmo puro, falso moralismo, cara-de-pau, chame como quiser. Se me arrependo? Sim, me arrependo de não ter falado chega quando eu sabia que era o fim, me arrependo de ter queimado a largada, me arrependo de querer tanto que desse certo que acabei insistindo em procurar sentimentos no vazio. É isso, qualquer dia a gente se esbarra em uma esquina e re-lembra como não nos conheciamos.

CaioF.

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinho, não vou. Não tem como remar sozinho, eu ficaria girando em torno de mim mesmo.
Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar. Re-amar. Amar."

Caio Fernando Abreu

28.05

iria ficar legal escrever tudo que eu queria que você soubesse em forma de música, mas eu quero as minhas palavras aqui. eu quero que você saiba que eu sou louca por você. assim. com essas palavras. eu quero que você saiba que eu não me esqueço do lenço roxo. assim. com essas palavras. little joy? beatles ou across the universe? talvez frejat? ele pode te cantar o meu amor em romantismo. e vai ficar bom, eu sei.
eu quero que você saiba que você apareceu na minha vida e pronto. aqui ficou. você sabe, vc sente, o tamanho do meu gostar. o tamanho disso tudo que se mistura aqui dentro por você. essa vontade de cuidar, de querer bem, de ver feliz, de fazer feliz. essa mania de "desejar coisas boas" somente no dia de aniversário é pros fracos. eu tô aqui pra você e por você em todos os minutos da sua vida. assim. com essas palavras.
assinado com amor.

terça-feira, 20 de julho de 2010

rascunho

Não falo necessariamente de esquecer, deixar pra trás e fingir que aquilo nunca aconteceu. É mais o fato de se acostumar com aquele sentimento, torná-lo banal. Seria uma hipocrisia sem fim dizer que quando te ver, não irei mais sentir o fôlego faltar, a perna tremer, o mundo parar. Seria incoerente dizer que eu não conseguiria mais passar algumas horas olhando seu sorriso e buscando qualquer sinal seu que deixasse escapar uma vontade de mim. Mas com o tempo, mesmo sabendo que tudo isso se perpetua, a gente aprende a achar tudo tão normal a ponto desse mar de sensações se tornar apenas uma velha paixão.

quê

é uma indecisão tão decidida que chego a me divertir comigo mesmo. o importante é saber que você nunca vai decidir o que quer, e que mesmo que se convença de que existiu uma decisão, seu instinto vai te por a prova e num ato falho você se depara com todas aquelas dúvidas novamente. o divertido é a gama de pensamentos que vem a cabeça, que se mistura e forma uma nova dúvida diante da resposta, é, o engraçado é ver como o contentamento descontente é o mal do ser humano, que sempre quer escalar a montanha mais alta pela simples estupidez de ter chegado ao topo, esquecendo que o caminho vale muito mais que o fim. Dessa louca possessão e deste louco caldo de ambições e quereres, se pararmos todos para pensar veremos que a única dúvida que temos é se realmente se quer ter sempre uma resposta, ou se é preferível viver com uma dúvida.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

segredos de liquidificador.

Talvez o mais complicado seja guardar tudo isso. Deveras acredito que ali reside a maior dor, naquele ponto em que se percebe que há muito para se dar, mas não há quem muito queira receber. E assim se vai, como um codinome beija-flor, disperdiçando o mel de flor em flor, dando sempre um pouco para cada, um pouco que já acham muito. Isso tudo talvez se deva ao fato das bocas se encontrarem demasiadamente amargas, desta forma qualquer doce lhes parece enjoativo, exagerado. Mas talvez seja ainda pior, o mel por ter ficado guardado acaba se tornando amargo, acre, cheio de formigas que passam a corroer por dentro, destruindo tudo que se tenta construir. E de tanto mel que lhe escore a boca sem ter a quem alimentar, só se sabe que dói, que lhe corrói a alma ter tanto e dispensar tão pouco.

despido

Especialmente hoje eu te contaria todos os segredos. não sei o que me deu para isso, mas tem dias que eu realmente queria me abrir. contaria que não fui de toda sincera, que não te amei em todas as vezes que me perguntou. é, oras. não amei. e desde quando temos que amar todas as vezes? calma, você vai saber de tudo, eu vou falando coisa por coisa, tudo que me der na telha eu vou falar, contar, cuspir, vomitar em você. acho que o problema está em ser segunda-feira, mas deixa isso pra lá. eu também queria dizer que não fui fiel, nem em sentimento nem em pensamento, muito menos nesse tal de amor carnal. sim, já te fodi pensando em outra pessoa, em duas, em várias. me desculpa falar assim, mas é porque senão não sai. eu ainda não terminei, deixa a bolsa na cadeira. não vai embora. fala baixo, os vizinhos vão ouvir. foda-se não. não fodi com tudo. me respeita, não precisa disso. senta lá. não chega tão perto. não. não toca. eu ainda tenho coisa pra contar. ainda tinha.
(...)
Se você não tivesse chorado tanto, como um bebê no meu colo, você saberia naquele tempo tudo que eu não disse até hoje. depois daqueles arranhões e daquele pranto me lembro de deixar você ir. pedi para que tomasse cuidado na estrada, não batesse a porta com força para que ela estivesse fácil de abrir no nosso (re)encontro. além disso me lembro do porre amargo que tomei no sofá ouvindo Anos Dourados de Tom.
Até hoje você não voltou. você veio, mas não voltou. eu sei disso porque o lado esquerdo da cama ainda está gelado. nessas segundas, quando a solidão sufoca o peito, eu escrevo pedindo para quando voltar, apague a luz e saiba que eu te amo.

summer

"o que você quer comigo? me quer? não. você não quer. você me teve e foi embora. e não tem a ver comigo. é você. é sempre você. o que você precisa, o que você quer. parece que você só me quer quando não pode me ter. você gosta de me conquistar. e sabe do que mais? pode ir. porque já conquistou."

domingo, 18 de julho de 2010

Esquisito

O esquisito mesmo é ir sentindo que cada vez menos eu sinto algo. Ando me condicionando a parar de sentir o que não me convêm... Como se a dor fosse só um mero detalhe, como se o antes, se o prazer tivesse uma única oportunidade que não deveria ser perdida e que esse mesmo prazer não pudesse ser maculado por uma dor, por um desamor. Chega a ser irônico, alguns dizem que não sei dar valor a mim, ou que estou sempre querendo qualquer pouco que me é oferecido. E de grão em grão a galinha enche o papo, e de pouco em pouco me vem muito. Talvez seja tudo um tolo engano, mas não me engano, enquanto puder irei negligenciar a dor, viver o prazer e no dia seguinte, bom no dia seguinte meu coração ainda irá bater e eu ainda acharei algo pelo que valha a pena viver, mesmo que não seja por você.

sábado, 17 de julho de 2010

lembranças

Remexer gavetas. Re-descobrir sentimentos. A verdade é que as vezes nós temos sentimentos tão bons que preferimos deixa-los guardadinhos, escondidos, como se assim, sem senti-los, pudéssemos faze-los durar mais. Aí, em um dia qualquer, a gente como quem não quer nada, fingindo não saber do que se trata, abre aquela gaveta e revira tudo, até achar o bendito sentimento e então faz de conta que está surpreso e sente aquilo tudo de novo, se deliciando com cada partezinha que se fez acreditar que estava esquecida. Mas depois de alguns minutos, a gente corre, joga novamente tudo dentro daquela enorme gaveta, mistura, finge que já esqueceu e espera um próximo dia para re-descobrir aquele velho sentimento conhecido.

nostalgia.

é que vezenquando me vem essa quase nostalgia. essa tentativa frustada de me fazer acreditar que você deveria continuar comigo, e que logo mais o adeus vai virar um 'desculpe, mas eu nunca devia ter ido pra tão longe'. mas sabe? nem eu consigo me convencer... de certo porque eu te quis de forma tão egoísta que nem sequer pensei no que você procurava. confesso, só pensava em como agir pra não te perder e acabei esquecendo que deveria agir pra te ganhar. foi assim que pouco a pouco transformei sua vontade de estar perto, e tudo aquilo de especial que existia, em vazio, espaço, abismo. e quando você se deu conta da distância que se pôs ali, entre nossos corpos colados, suados e melados, eu não tinha mais como dizer que não era nada. nem sequer conseguia me enganar e nem mesmo hoje consigo. já que não faz sentido te pedir pra voltar, peço apenas que na próxima vez me lembre de te ganhar antes de pensar em não te perder.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

mito da caverna

Sabe como é, ele vive a vida assim, fugindo das emoções. Não entendo muito bem toda essa lógica, como se o vazio simplesmente fosse suficiente. Na verdade eu acho que tudo é uma grande covardia, atrás de toda essa coragem e dessa roupagem de quem tem confiança em cada passo que dá existe uma criança que tem medo do escuro. Nesse caso o medo é do claro, é de ver que não tem mais controle de nada, de olhar tudo com clareza e ver que seus sentimentos não são exatamente como ele gostaria que fossem. Mal sabe esse jovem que a maior dor que existe é a dor que se sente quando se tem medo de sentir dor.

a conversa do elevador.

"- Pra quê eu e você de novo?
- Para não render tempo ruim, para ganhar tempo, para chegar logo naquela parte que a gente faz as pazes de novo e ri de tudo se divertindo. A gente já não sabe que é assim? Tempo sim, tempo não, tempo bom, tempo ruim. O tempo leva uma porção de coisas, mas tem coisa que só o tempo trás. Um exemplo de coisa trazida é que hoje a gente já pode escolher com que tipo de história a gente vai gastar o tempo que resta para a gente."

Um Conto a Dois

Eram dois corações, um na mesa, outro na estante. um era refeição, o outro escultura. o da mesa, ainda tava quente, recém tirado do fogo, gostinho de comida preferida. o da estante, se não fosse pela poeira, daria vontade de abrir e ler. não que precisasse de leitura para decifrá-lo, pois este era bobo. era entregue. mas era o coração que continha as letras que formavam as palavras que formavam os períodos da história dos contos. o outro, aquele do fogo, só fervia, borbulhava, fazia salivar. o empoeirado era rígido, tinha aquela forma e não poderia jamais deixar de ser aquilo, aquela cor, aquelas palavras, artérias e mesmo imutável, mesmo fixo e invariável era arte, era beleza. o do prato era maleável, daquela fervura poderia sair qualquer coisa, daquele cheiro convidativo poderia vir qualquer forma, reação, era o nada e o tudo, era uma aposta, sem qualquer segurança, mas com uma infinidade de expectativas.
Mas esse conto não vem descrever a diferença desses corações, ele vem para contar a história de cada um e de todos. Com as palavras que formam os períodos da história dos contos, mas sem deixar de falar de toda a fervura e sedução. ele vem para tentar explicar essa magia que acontece entre dois lados.
Eram também duas vidas, uma que explodia, outra que sentia. eram também duas cabeças, uma que pensava, outra que praticava. o mistério está nesse pontinho de elo entre os opostos. e era aí que eles se encaixavam. que sentiam o encaixe das vidas, das cabeças, da história e principalmente dos corações.
Dava gosto de ver que mesmo após tantos anos passados, apesar de todos os comentários ácidos dos que estavam em volta, dos giros e piruetas do mundo ainda se via aquele brilho no olhar, aquelas mãos enrugadas se tocando em plena sintonia. A verdade é que o tempo foi coadjuvante no meio disso tudo, ele não achou espaço para entrar agora nessa história, por isso não há preocupação com o quando, muito menos com o onde, só cabe falar aqui de emoções, sorrisos, ternura e de alguns copos lançados na parede, de algumas ameaças de morte e de beiras do abismo, mas nada que ultrapasse a barreira do sentir para encontrar o mundo do tocar.
É verdade que nem sempre tudo eram flores, mas foi por causa de uma delas que posso escrever isso tudo hoje. não bem exatamente da flor em si, eram rosas ou lírios ou flores campestres, me desculpe, mas a memória já está falha. o que fez toda a diferença, não foi o fato de dar-lhe flores em toda comemoração - pois naquela época era assim que fazíamos. o que inverteu meu mundo num pontapé só, foi a conversa que tive com o dono da floricultura. vocês sabem... essas pessoas são dotadas de uma espécie de sentimento universal, como se já tivessem vivido antes e passado por todo e qualquer tipo de relacionamento. digo relacionamento porque eles sabem até se é amor ou não. sabem o que dizer, como dizer, sabem das cores e dos cheiros, e se duvidar, até do gosto do seu. foi quando ele me indicou as amarelas - agora me lembrei - margaridas amarelas. dizia ele: "margaridas conseguem manter a agitação presa pela calmaria das pétalas claras ao seu redor. e amarelo é pela sabedoria que precisamos para levar um amor consigo. porque o casamento, meu caro, é como tocar piano. a gente precisa saber exatamente quando uma nota só não faz música, quando há necessidade do junto, de dois. leve as margaridas amarelas, pode confiar." foi quando me deparei pensando na idade do rapaz, no máximo 25. como ele conseguia me passar tanta confiança e certeza do que dizia? achei melhor não perguntar e aceitar as flores e o embrulho. pensei cá comigo "esse povo sabe de tudo. ele deve tá certo."
Muito tempo depois eu fui saber que não poderia haver escolha mais acertada do que escutar esse tal moço. mas como essa história não é minha, cabe dizer que a partir deste dia passei a ter um novo vício, como fumar um cigarro depois do almoço ou ligações de boa noite. todos os dias ia aprender com ele sobre as flores, e os cheiros e os amores, bromélias, crisântemos, orquídeas, violetas e assim como eu tinha o vício de ir lá todos os dias, quando estava fechando seu santuário, ele escolhia o lírio mais bonito, enrolava em uma folha de jornal, se despedia tomando o bonde em direção à periferia. Um dia qualquer, desses que o céu não está azul e que o vento quer te levar pra qualquer lugar, resolvi perguntar por que ele sempre levava apenas uma flor para casa e para quem ela era, com um sorriso no rosto ele explicou que havia um coração fervendo lhe esperando chegar, e que seu coração já com alguma poeira levava um pedaço do seu dia para alimentar a brasa que mantinha a refeição sempre quente.
Pouco a pouco fui conhecendo esse jovem sábio que mesmo com tanto saber e algumas vezes notável frieza se mostrava detentor de um amor incondicional, zeloso e completo. de vendedor de flores, passou à protagonista e pouco a pouco fui vendo os dois crescerem juntos, como raiz e terra, completando-se na presença e na ausência. O tempo foi passando e as marcas começaram a aparecer no rosto daquele jovem que já não tinha mais 25 anos, foi quando a conheci e me surpreendi ao ver tudo que imaginava em um olhar, tinha olhos fugazes, nervosos que pareciam pular a cada pulso de seu sangue, sentia-se o calor que vinha daquela personalidade tão passional e então entendi o por que dos lírios. para arrebatar um coração daqueles só mesmo os lírios. E um a cada dia.
O coração dela era o que fervia na mesa posta com gosto de comida preferida. já o dele era o mais calmo, da estante. dá pra notar toda a diferença necessária para a entrega. Mas como era de se esperar, o tempo que não tinha encontrado lugar no meio disso tudo resolveu entrar em ação e pouco a pouco os lírios mantinham a temperatura ideal, mas aquele coração teimava em tentar parar de bater, apesar de tudo permanecer como sempre esteve. o senhor cruel das horas decidiu que deveria pôr fim ao que eu e você chamaríamos de amor. mal sabia que isso jamais mudaria um coração na estante, mesmo que o cheiro daquele coração na mesa ficasse apenas na memória. troquei as margaridas. não era tempo de querer pensar em calmaria. troquei pelos lírios. eles sim, sempre estariam ali, todos os dias, mantendo o fogo aceso, mesmo que o contato sincrônico e harmônico se desse através de uma enorme placa de mármore.
Mas que fique disso tudo a beleza de saber criar juntos uma história, um amor e um conto.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

ioiô

eu só queria te dizer que eu não quis ir embora. era a minha hora. não havia escolha e nem espaço para o adeus. confesso que foi egoísmo, não quis ver as lágrimas que rolariam pelo seu rosto. eu só queria te dizer mesmo que eu não queria ter ido, mas já que fui, também não quero mais voltar.

Blood

"Você não pensa como outras pessoas. Na maioria das pessoas, são frases completas ou imagens. Com você, às vezes são palavras, mas, outras vezes, apenas uns sons. Como ondas de sentimentos."

Retirado De "True Blood"

e só.

Parece até que o mundo parou. Parou sim. Só pra nos olhar, pra admirar esse momento. Uma perna entrelaçada na outra, um abraço apertado e algumas falas como trilha sonora, algumas falas que saem do lado de cá, outras do lado de lá. Vez ou outra um carro curioso cruza a rua, querendo nos roubar essa paz, a quietude, a amplidão, mas logo tudo volta a ser como antes... Brando, quieto, grande e confortável. Até os beijos são lentos e suaves, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar o encanto e desencadear um turbilhão de sensações terrenas que não essa paz. E é entre o acender e o apagar de um cigarro que o frio ousa nos tocar, suave, como tudo nesse momento, lembrando o quanto é melhor estar entrelaçado, sentir o cheiro, não o perfume, mas o cheiro mesmo, de pele, de poro, de gente. E o frio nos traz de volta a essa imensidão que sabemos que terminará com os lábios sentindo sede, com o corpo pedindo mais e o desejo vindo à tona, mas por enquanto que fique a paz, e o entrelaçado, e o cheiro, e a trilha sonora, e você, e eu, e só.

simples assim.

dábliu dábliu dábliu ponto quinze de julho ponto com ponto bê érre.
sabe como sai um pensamento? assim, cru. do jeitinho que ele chega, ele vai pro papel. com as expressões da hora, com esse jeito de escrever-como-se-lê. com falta de vírgula aqui ou ali, com ponto final na hora errada, sem parar para as letras maiúsculas, nem para a dúvida em como se escreve tal palavra. assim sai simples. sai falado. sai sincero. aqui é assim. sem seguir padrões.

meu, seu e deles.

quem nunca brincou de escrever uma frase e passar o papel para o próximo continuar a partir daquilo que você deixou?

essa é a idéia. uma mistura de histórias, de confissões, vidas que se cruzam a todo tempo. um pouco da gente junto, um pouco da gente separado, um pouco só meu, outro pouco só seu. mas que juntos não dá para saber quem narra. a não ser que se perceba pelas entrelinhas. mas ter que olhar para os detalhes significa que tudo nosso já se misturou. passar o papel não significa que no final vai haver algum sentido, mas isso é coisa pouca e ainda assim a gente ri e se diverte.

damos apenas um conselho: queime depois de ler.