terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ilusão de Óptica

Um ser caleidoscópio. Um conjunto de fragmentos que se moldam de forma aleatória a cada vez que a vida vem e o sacode. É de tudo um pouco e ao mesmo tempo nada. O mais importante talvez seja a falta de sentido, a falta de forma, essa coisa intrigante que faz o outro sempre esperar para ver no que irá se transformar. Caleidoscópio humano de cicatrizes, dessas que a vida vai esculpindo pouco a pouco, e como todo caleidoscópio é preciso bem mais do que os olhos para saber do que ele realmente é feito. Só depois de ver várias imagens aleatórias que se formam quando se coloca contra a luz é que se tem uma vaga idéia do que dá origem a cada cor. E depois de dias sendo manipulado de lá pra cá, no fim, o caleidoscópio cansa de esperar que seja alcançado aquele ângulo perfeito para mostrar o que deseja que seja visto. É aí então que se espatifa, acabando com todo e qualquer encanto, restando apenas o fundo preto estilhaçado.

começo.

E no fim sobra o começo. Porque quando vai chegando a hora, aquela maldita hora de dizer adeus, de abandonar o barco, parece que uma bomba explode e leva os últimos dias com ela. É engraçado como no fim só nos resta o começo, quando ainda não se pensava no fim, quando de fato sequer se pensava. O meio? Bem, o meio fica fragmentado como um mosaico, a gente nem sabe direito o quê fez parte do quê e quando aquilo aconteceu, porque não se sabe mais quando deixou de ser bom, quando se tornou pedante. Quanto ao fim, bom, ele chega e leva muita coisa, mas ao menos ainda nos resta o começo e nos cabe o recomeço.

você me sabe.

- oi, te vi aqui tão só, posso saber seu nome?
- eu não tenho nome pra te dizer.
- te chamo então de acaso e pode me chamar de sorte se preferir.
- prazer. agora que falou assim acho que te conheço de algum lugar..
- já devo ter passado pela sua vida, mesmo sem você ter me notado.
- é talvez possa ser.. você já me viu antes?
- acabei de descobrir que já.
- não é todo dia que a sorte e o acaso se encontram.
- e não é todo dia que esse encontro dá certo.
- hoje é um dia de sorte, então?
- e de acaso.
- pensei que esse dia nunca fosse chegar.


não muito me importa que o acaso seja de domínio público, que esteja aqui ou em outros lugares todos os dias. agora tanto faz se eu te escolhi como o acaso, porque de fato o acaso me sorriu com sorte.

domingo, 29 de agosto de 2010

Qualquer Coisa.

É que você me da vontade de escrever. Escrever qualquer coisa, só pra sentir qualquer coisa. Não qualquer coisa de uma forma jogada, aleatória, mas um qualquer coisa exato. Sabe? Cheio de surpresas, por isso é qualquer, e costumam ser surpresas interessantes, com leveza de pluma e beleza de um pássaro, desses que voam bem alto e a gente quase nunca vê. Qualquer coisa assim, molhada, não por lágrimas ou por chuva, mas por suor e por saliva... salgado, mas com um gosto doce de quem sente qualquer coisa. Seco, não como um deserto ou brasília em agosto, mas como um vinho saboroso que corta a garganta após se deliciar com um filé. Escrever qualquer coisa, qualquer palavra, pra sentir o gosto, pra sentir a escrita fluindo e indo até o logo mais, até o limiar da sinestesia, da soma dos sentidos, do real... Qualquer coisa que beire o surreal, o irreal... Qualquer irracionalidade, qualquer rato selvagem ou onça domesticada. Assim, um qualquer, pelo gosto de escrever, pelo gosto do você, pelo gosto do querer.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Geometria Analítica

Não é de todo um vazio. É como se fosse uma lacuna quadrada tentando ser preenchida por um losângulo, de modo que este deixa espaços incompletos ao mesmo tempo que ultrapassa alguns limites. Não que o espaço tenha a forma errada, ou que o losângulo tenha de aparar suas arestas. Cabe perceber que nem sempre as coisas se encaixam, nem sempre cabe toda a água no copo. E mesmo que caiba, com o passar do tempo ela pode virar gelo, e ai sabe como é... vezenquando o copo estilhaça. Ao mesmo tempo tudo é mutável, e o espaço quadrado de hoje, pode vir a ser o espaço retangular de amanhã, e o losângulo a esfera. Novamente é forçado o encaixe, outra vez não funciona... É, a vida tem disso, de querer nos confundir com metáforas... e anáforas.

Preferência.

é como se com você houvesse paz, o que não me é de costume ter. como se a prosa fosse regada de calmaria, dá pra entender? tudo estava envolto de uma tranquilidade. era quentinho e calmo. poderia até falar que tinha tom de azul bem clarinho. mas tornou-se um vermelho puxado pro marrom quando a realidade veio dilacerar toda a minha utopia (de novo). talvez por isso essa raiva maior ainda me consome e não sai da cabeça. talvez por isso essa vontade de escutar qualquer coisa que me faça voltar ao azul. queria não ter que desistir do achismo. porque eu podia achar que era com você. não queria dizer isso pra mim, muito menos pra você - até porque não cabe ficar dizendo lorotas agora - mas havia muita calma por dentro quando esse era o assunto. havia do verbo, não há mais. e lá vem a revolta de novo por terem arrancado isso daqui, como que na marra. por outras pessoas virem esfregar na minha cara que a vida não é e não vai ser da cor do céu contigo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

mudança.

hoje acordei com o pensamento em você e no amor. pelo menos em uma possibilidade dele. hoje acordei querendo saber mais, conhecer mais, chegar mais, entende? acordei e o pensamento de costume não chegou. é como se ele tivesse atrasado e pronto, bingo. passou. foi assim que aconteceu hoje. os pensamentos chegaram trocados. e por sinal, que bom!
bem-vinda aos meus pensamentos corriqueiros. pode entrar.

"que me perdoem se eu insisto nesse tema mas não sei fazer poema ou canção que fale de outra coisa que não seja o amor."

domingo, 22 de agosto de 2010

Desapego

A arte da vida não está em se apaixonar, ela reside basicamente em aprender a criar e direcionar suas paixões. Olhar aquela pessoa qualquer que passa e escolhe-la, depois conhece-la pouco a pouco, fingindo se surpreender ao passo que vai descobrindo tudo aquilo que já imaginava sobre ela; com o andar da carruagem perceber pequenos defeitos e se apaixonar por eles. Aí passar a ver alguns defeitos maiores, incômodos e intoleráveis, daí deixar isso crescer. Então, quando não valer mais a pena, caminhar até a próxima janela e olhar quem passa.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Querer

Eu quero me apaixonar por ele, mas sabe que às vezes vem aquele medo de perder o que a gente nem tem? A insegurança toda daquilo que pode vir a ser, e o medo de enfrentar de novo toda a saudade, a famosa saudade daquilo que a gente não viveu. E os planos? O que vão ser deles? Se é que vão ser eles algum dia... E por que precisamos de tempo? Quem é o tempo senão um louco que quer ditar quando devemos fazer as coisas? Cansei dele, cansei de ter que deixar ele agir pra que as coisas se consolidem, cansei de ti, tempo. E não quero mais ouvir falar em você, nem em paciência... Nem sei mesmo o que ela é. Só sei que eu quero me apaixonar, quero agora uma paixão dessas que não existem dúvidas e que o tempo não significa nada além do inimigo que quer separar os amantes. Quero uma paixão dessas que duram a vida, mesmo que a vida seja 10 minutos. Eu quero.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

drink.

Então vou tentar organizar essa bagunça aqui dentro. É como se fosse um drink né? Pelo gosto que me azeda a boca tem vodka, uma dose de desapontamento, outra de inconformação. bem, degustando lentamente dá pra sentir algumas mágoas, nada muito forte, mas ali, bem sutil. Estando assim, como eu tô, sem vontade de levantar da cama, deve ter rivotril e um pouco de tequila, além claro de cansaço. E como isso ficou assim? Certamento foi porque inúmeras vezes ignorei os avisos e quis colocar tudo no copo, quis beber todos os copos e corpos e quis acreditar que todos iriam me fazer sentir melhor. Muitas vezes acabo bebendo bebidas baratas que pioram a mistura, e me trazem uma manhã terrível, com um vazio no estômago e uma vontade de nunca ter colocado minha boca naquela boca de garrafa. Outras vezes me chegam como presentes aquelas bebidas bem docinhas, que enganam no começo, se mostrando agradável e suave, mas no dia seguinte a minha cabeça realmente dói tanto que ouvir falar desta bebida me dá uma vontade de sair correndo e vomitar.Ainda existem aqueles wiskys encorpados, que te fazem sentir vivo, te trazem as maiores loucuras e diversões, mas que invariavelmente acabam antes do que esperava. Cada bebida com sua característica, com suas qualidades, defeitos e consequências... Mas aí você me pergunta o que eu tirei disso tudo. Bom, se alguém tiver água pra me dar... ouvi dizer que é o melhor remédio pra ressaca.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

tô de altas.

sabe menino birrento? sabe? isso tá igualzinho. bate pé, faz cara feia, chora se for preciso.. mas não fica quieto. não fica mudo. não brinca de estátua. e olha que eu já pedi, viu? já tentei dar doce, ofereci brinquedo, figurinha de álbum.
como trata criança assim? como trata sentimento assim? não é mais seguro brincar de casinha do que de esconde-esconde?
espera aí, o menino birrento é você ou sou eu?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Jamelão.

Tive uma idéia! Fazer uma história legal de uma conversa legal de um amor legal. Começo pelo amor, então conto um pouco da conversa e consequentemente a história estará feita. O amor é doce, é apaixonante, é estranho mas ainda me é extremamente confortável. O amor é amável e basta olhar para conseguir sentir isso que eu digo. O amor é daqueles que não tem jeito de acabar. Não vinga, mas não se mata. E não mais me incomoda conviver com ele no peito. Esse amor, esse do qual eu falo ainda tem ciúmes. não é raiva, não é tristeza, não é nada ruim... é ciúmes. simplesmente ciúmes que adora ser sentido mas que às vezes pega de surpresa e nos traz o “por que?” é daí que chegam às conclusões que não consigo tirar por estar longe de você.

E assim estava escrito bem na minha frente:
“que quando eu sinto ciúmes é porque eu queria você só pra mim (eu sei, é tão egoísta), mas eu queria, mas eu não tenho, (por isso é tão mais egoísta). E sentindo isso, longe de você por um, dois meses ou até mais, eu tenho certeza sempre que você, até hoje (e acho que única), é a única mulher da minha vida. A única paixão mulher... (um pouco preconceituoso isso, porque paixão é paixão né?) mas é isso. E quando te vejo eu só sinto que tá adormecido aqui, tudo isso... que eu tô num momento ótimo da minha vida e que você tá nele, sempre.”

Depois desse amor, depois dessa conversa, eu definitivamente poderia passar o resto dos meus dias te olhando, até porque, esse seria um final legal pra nossa história legal.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ashes

E mesmo com a cama mais cheia do que nunca, você acorda e sente ela vazia. Sem braços ou abraços, sem sequer um contato. a manhã fria, a cama quente, o coração gelado e as pernas entrelaçadas. Só isso, nada mais... nem um fluxo de sentimento, ou de satisfação. Só uma sensação de que passou, de que não se quer mais. Você num canto encolhido, eu no meio tentando procurar algum resto. Resto de que? Resto de qualquer coisa que ouse dizer que estava errado e que suas cinzas vão ao vento. Só não repita isso, só não deixe eu pensar que no final suas cinzas vão vir sempre pra mim. Até porque raspas, restos, cinzas, guimbas, qualquer pouco me interessa e me interessa muito, já que no pouco a gente descobre o muito, o tudo... Afinal, ouvi dizer uma vez que o amor começa na carne e depois sobe ao espírito, então não me venha com mais carne se não tiver um espírito para que meu amor alcance.

domingo, 8 de agosto de 2010

Minha Vida Sem Mim.

Essa é você, de olhos fechados na chuva; nunca pensou que fosse fazer algo assim. Você nunca se viu como... não sei como descrever... como uma dessas pessoas que gostam de olhar para a lua, ou que passam horas contemplando as ondas ou o pôr-do-sol. Deve saber de que tipo de pessoa estou falando. Talvez não saiba, seja como for, você gosta de ficar assim, lutando contra o frio e sentindo a água penetrando por sua camisa e tocando sua pele, e a sensação do chão ficando fofo debaixo do seus pés, e o cheiro, e o som da chuva batendo nas folhas, de todas as coisas que estão nos livros que você não leu. Essa é você. Quase teria imaginado.. você.
Seu pai bebia uma garrafa de uísque e chamava de café-da-manhã, ou você fica bêbada só de tomar uma cerveja, e você tem vontade de tomar todas as drogas do mundo, mas elas não vão mudar a sensação de que sua vida toda foi um sonho e só agora está acordando.
Pensar. Você não está acostumada a pensar, quando todas essas coisas acontecem a todo tempo e você nunca tem tempo pra pensar. Talvez esteja tão sem prática que esqueceu como se pensa. Vontade de fumar e beber o quanto eu quiser, dizer o que estou pensando, fazer amor com outros homens só para ver como é, fazer alguém se apaixonar por mim... mas não. Você está sozinha. Nunca esteve tão sozinha em toda a sua vida. As mentiras são sua única companhia, agora você vê as coisas claramente. Vê todas essas vidas emprestadas, vozes emprestadas. Você olha para as coisas que não pode comprar, agora você nem quer comprar. As coisas que ainda estarão aqui depois que você se for, quando você morrer. Aí você se dá conta de que todas as coisas nas vitrines brilhantes, todos os modelos nos catálogos, todas as cores, as ofertas especiais, as receitas da televisão, aquele monte de comida gordurosa, tudo está lá para nos afastar da morte. E não funciona.
Quer saber por que estou assim? Querem mesmo sabe? Estou assim porque aos oito anos ouvi minha melhor amiga dizer a todos que eu era uma vagabunda. Estou assim porque aos quinze anos não fui convidada para a única festa à qual eu já quis ir na vida. E aos dezesseis tive que crescer da noite pro dia. E não tenho mais sonhos, sem sonhos não dá para viver. Estou assim, porque não vejo meu pai faz anos, não tenho nada dele, nem sequer uma droga de postal. E em todos os lugares estão todos tão felizes e o dia todo eu continuo assim. Alguns de nós, não podem levar o tipo de vida que algumas pessoas querem. Por mais que a gente tente, eu não consigo.
Quero que entenda porque não lhe contei que ia morrer, acho que nunca vai me perdoar. É só mais uma coisa pela qual me culpar. Mais era o único presente que eu poderia dar a você para poupar todas as viagens ao hospital, o estresse, o tempo nas salas de espera. Eu sei que vai entender que tenho razão. Imagine um paraíso para mim. Sempre amei, amo e amarei você. Só porque você virou o mundo para enxugar minhas lágrimas.
Eu rezo para que essa seja a minha vida sem mim. Você reza para que seu amor acabe amando outra mulher e procure aproveitar a vida um pouco, só um pouquinho, seria divertido. Para que procure gostar mais das coisas. Você reza para que tenha momentos de felicidade tão intensa que faça todos os problemas parecerem insignificantes. Você não sabe para quem está rezando, mas reza. Você nem sequer lamenta a vida que não vai ter porque você já estará morta e os mortos não sentem nada e nem lamentam.
Quando receber isso, saberá que estou morta. Talvez você esteja zangado comigo ou magoado, triste ou decepcionado ou talvez tudo isso junto. Saiba que eu me apaixonei por você. Não ousei lhe dizer porque creio que você sabia e eu não sabia que tinha tão pouco tempo. Se tem algo que eu não tive bastante ultimamente, foi tempo. A vida é bem melhor do que você pensa, meu amor. Sei disso porque você me ensinou que quando você olha para uma pessoa, você consegue ver 50% dela e tentar descobrir os outros 50 é o que estraga. E você se apaixonou por mim apesar de ter visto quanto menos, 10% de mim? Talvez 5? Talvez se tivesse visto tudo não teria gostado de mim, ou teria gostado apesar de tudo, acho que jamais saberemos. Uma última coisa, você deve ter confiança em si mesmo. Confiança em sua habilidade de fazer as coisas para obter algum êxito. Quero mesmo que seja feliz. Nenhuma das coisas com que você sonhou aconteceu. Tente entender. Não fique bravo por causa disso. Se tiver uma pessoa nova, tente amá-la tá bem? Não torne a vida impossível só por lealdade a mim. Sei que não é a mesma coisa. Por favor se aceite. Não quero que a próxima mulher não tenha nem a chance de te conhecer. Nem todo mundo é louca como eu.
É difícil sabe, amar alguém e não conseguir fazer essa pessoa feliz. É como se você amasse essa pessoa mas não conseguisse amá-la como ela deseja, entende? Eu gostaria de ter sido melhor pra você. Não deixe que fique triste ao se lembrar de mim, lembre-se das coisas legais que fizemos juntos. Se algo incomodar você e tiver alguma dúvida, pergunte e a vida te dirá. Espero que ela saiba te explicar. Acho que você podia se divertir um pouco. Você é lindo e tem um grande coração. E quando achar essa pessoa, ame-a por isso e por favor diga isso à ela. Mostre que a ama todo dia um pouquinho. Talvez a uma certa altura você esqueça mesmo desse meu medo e que eu estive viva ainda. E isso tudo, as palpitações, os nervos, a dor, a felicidade, o medo.
Quis você o tempo todo, quis cuidar de você e das suas coisas. Sempre fui classicamente apaixonada. Adorei dançar com você. Eu te amo.

Texto retirado do filme "Minha vida sem mim".

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cerveja e Marlboro.

Hoje é dia de coração apertado. De nem saber porque isso tudo passa pela minha cabeça. Dia de inquietude e acabar com um maço de cigarros. Dia esquisito hoje não é? Isso tudo porque o céu tá azul e o vento agradável... mas é lá fora, aqui dentro alguma coisa tá gritando sem parar e eu sequer sei o que é ou onde está escondida. Se pelo menos eu pudesse entender que gritaria é essa e porque o coração tá disparado seria ao menos um rumo por onde começar... Mas começar o quê? Sabe-se lá, Deus. Quero mesmo é uma cerveja gelada e um marlboro, se isso cura até coração partido certamente dará um jeito nessa sensação esquisita que vezenquando invade o estômago e misteriosamente aperta o coração, sem avisar, sem pedir licença ou sequer falar do que se trata. É isso, cerveja e marlboro.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

teu segredo

pode parecer estranho - até porque não tive muitas atitudes - mas é como se tivesse feito tudo que estivesse ao meu alcance ou tudo que você merecesse que eu fizesse. lavei as minhas mãos. fiz o que achei que devesse fazer; mais por mim do que propriamente por você. agi com sinceridade quando me foi conveniente. e até agora eu não aprendi a não me importar. talvez eu deva ter coração demais ou piedade demais ou ingenuidade. seja o que for, continua acontecendo igual. o problema deve estar na entrega. deve estar no gosto, só pode. então a partir de agora o princípio é guardar. a nova regra é ser insensível. é não demonstrar. é não se importar. é não querer. tá bom assim pra você agora? não vou mais gostar de você. porque se eu gostar, eu sei que você vai embora. e eu não quero que vá. de jeito nenhum eu quero que vá porque mesmo que tudo seja duro por fora, aqui dentro ainda bate o seu coração - em segredo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CaioF.

EU — É possível um rio secar completamente?
ELA — Claro que é.
EU — Mas será que ele não enche depois? Nunca mais?
ELA — Alguns sim, outros não.
EU — Mas nunca mais?
ELA — Sei lá, acho que não.
EU — Você tem certeza?
ELA — Certeza eu não tenho. Só estou dizendo que acho. Afinal não sou nenhuma especialista em matéria de rios, secos ou não.
EU — Sabe?
ELA — O quê?
EU — Eu tinha esperança que o rio voltasse a encher um dia.

Caio Fernando Abreu

Medo do Escuro

ainda não sei se tudo se perdeu porque eu falei demais, porque eu contei vantagem ou porque eu fiquei feliz. fato foi, se perdeu. se perdeu no tempo, no jeito de ser, se perdeu nos planos da semana seguinte. minto, nem tudo se perdeu.. ainda restou um tico de vontade de esperar pra ver se passa, sobrou uma mistura de "futuro promissor" com "verdade batendo na cara". restou uma saudade estranha - que nem sei se pode ser chamada de saudade - daquela semana passada. e ficou ainda aqui uma vontade de pedir pra você entrar pela porta aberta antes que eu peça pra você apagar a luz de vez quando sair.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Rabisco

é curioso observar mudanças de sentimentos por você. não digo ser bom ou ruim, apenas, curioso. na verdade eu até que gosto de ver isso mudar exatamente como sempre aconteceu. o gostar se confunde com aquele "querer bem" gostoso de sentir, e o querer bem vai se modificando, se encaixando no que me é permitido por limitação humana. porque às vezes dá vontade de gritar tão alto, pegar toda essa mistura gostosa de "sentir" botar no peito e guardar com cuidado para não deixar acabar, virar doce, amaro demais, azedo. e aí chega o dia em que percebo que se tornou natural esse furacão de questionamentos, eles vão se apagando, um por um, como se não fizessem mais sentido tê-los, passou o momento. aí então você me chega, me toma, eu fico tonta de amor de novo mas não demora mais que meia hora ou até a música terminar de tocar. te contaria, se soubesse, onde o meu amor acabou, onde "a gente" não fazia mais sentido, apenas eu e você. no singular sabe? ainda não consigo ter tanta sinceridade ao ponto de te contar minha vida ou gostar de saber da sua, mas sempre por algum motivo eu acabo sabendo, mas e daí num é? eu te amo tanto. do mesmo jeitinho.
"É Deus, parece que vai ser nós dois até o final".
pode entrar, pode sair gente, pode ficar ou só passar. vai ser sempre você. com o sentimento mudado, mais incrivelmente gostoso de sentir em cada pontinha sua. não posso dizer que não sinto falta de um mundo nosso e das nossas coisinhas só nossas, porque eu sinto, sinto, sinto e posso dizer pra quem quiser saber. principalmente dos apelidos mais bobos, das brincadeiras de criança, ou de contar histórias para te fazer dormir. mas estamos voltando pro me-faz-bem-e-eu-quero-por-perto-de-qualquer-jeito.
"que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou".
e é exatamente isso sabe.. não que ela tenha parado de tocar.. simplesmente os nossos ouvidos não escutam mais do mesmo jeito, assim como nossos corações não batem mais no mesmo ritmo. mas olha que lindo, ainda batem, entende? sim. isso é lindo. dá pra sentir bater quando estou indo te encontrar, dá pra sentir com o seu cheiro antigo, com a sua presença, lembranças. olhando nos seus olhos ou até mesmo quando a nossa música não toca mais. fazia tempo que eu não te escrevia né? tava aqui dormindo, sonhei com você mais uma vez, acordei com o coração na mão, esse coração, esse, o seu.
"tive um sonho ruim e acordei chorando, por isso eu te liguei. será que você ainda pensa em mim?"
saiu um pouco desajeitado, algumas palavras soltas, meio bagunçado. como eu costumo ser. mas boa parte está aqui.
buona notte, mio amore.

domingo, 1 de agosto de 2010

Efeito Borboleta

Tem certas coisas que a gente realmente não sabe dizer. Quando as borboletas que moram no estômago sobem até a garganta e num bater de asas esvoaçante roubam qualquer palavra que ouse tentar ser dita, mas pior mesmo são as mais atrevidas, que numa cruel aventura chegam até nossa cabeça, e batendo suas pequenas asas causam tufões do outro lado. É uma mistura louca, não se sabe bem aonde a racionalidade vai te levar ou o quê seus sentimentos querem mostrar. Mas mesmo assim queria te dizer algumas coisas, mesmo elas não querendo ser ditas e se escondendo no meio das cores e ventos dessas borboletas. Não. Não quero dizer como me sinto, nem saber aonde eu errei, aonde erramos. Eu queria saber mesmo se poderia ter sido diferente, ou se já era pra ser assim, pouco... Não... Não digo que não foi bom, ou que não valeu a pena,nem sequer estou fazendo pouco caso, nem poderia. Nem acho também que valha a pena dizer qualquer coisa pra tentar mudar a situação, até porque a situação não é mais nós dois, são vocês dois. Eu queria dizer um tanto de coisa mesmo, coisas que me fizessem ver como não deixar isso acontecer na próxima vez ou que me fizessem acreditar que era pra ser só isso mesmo, pelo menos por agora. Eu queria dizer que é engraçado como mesmo achando um pouco ruim não deitar na sua cama ainda me é extremamente confortável sentar no seu sofá, e por isso eu queria te dizer essas coisas. É um pouco de vontade de deixar a porta entre-aberta pra que não seja tudo tão pontual, até porque nunca foi. Não, não é dizer 'pode voltar quando quiser, a casa está sempre aberta', é dizer 'não vejo porque fechar a porta pra algo que me deu tanta coisa boa em pouco tempo, dali ainda pode vir muito mais.'. É, eu sei, um pouco sutil a diferença, mas é fundamental entender isso. Eu só queria dizer que eu não espero, mas talvez ainda quero. Acho que você deve entender que algumas vezes é difícil deixar passar o que poderia ter sido, eu sei que você sabe. Pouca coisa cabe dizer agora, é, eu sei, mas eu queria dizer.