quinta-feira, 7 de março de 2013

...

Quero te escrever, como pra te desmistificar. Retirar seus 7 véus e encarar a face estarrecida que me encarará ao arriscar tamanha ousadia. Quero te descrever, para que não haja mais dúvidas, não existam mais mistérios.Enfrentar cada canto escuro que você não quer explorar, voltar no passado mais dolorido pra tentar curar. Num tom extremamente pretencioso te contar suas histórias, relembrar seus dias e lentamente te dispir de toda essa verdade. Quero escrever em você cada dor do seu dia para em seguida apagar tudo com cada sorriso roubado dos lábios ríspidos e reativos. Me tatuar em você, cada frase, cada signo, ascendente, lua e marte, só para ter certeza que vai ficar a cicatriz da cama divida e da partida pela metade que deixou tanta saudade. Quero tudo isso de forma muito egoísta, só para poder seguir e saber que fiquei, que ficou, que foi para então não mais voltar. Para que assim seja mais fácil deixar a outra metada andar. Quero te escrever com essa eufória que senti ao escolher essas palavras para que eu então, quando fosse sorver e degustar cada caracter escrito, sentisse a mesma falta de aprovação que me tomou ao ler esse papel.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Rebenta

Acho que é essa lua cheia que faz ficar assim, que faz a maré dos pensamentos subir, e daí é rebenta seguida de rebenta. Vem um pensamento correndo atrás do outro, virando espuma e voltando pra onde veio como se já chegasse atrasado para partir. E pode ter certeza que se a superfície está nesse movimento alucinado, o fundo vive coisas inimagináveis... É engraçado pensar, por si só, mas é mais engraçado ainda pensar que tudo vai e volta tão rápido, que a idéia que vem, logo vai pra nunca mais voltar. Mas esse movimento que passou num piscar de olhos foi o mesmo que colocou a vida submersa de cabeça pra baixo e jogou um monte de coisa pra cima, ultrapassando os limites que antes pareciam rigidamente estabelecidos... A verdade é que o limite é sempre mais um punhado de areia, é um logo ali que em suma é só caminho para que as ondas cheguem mais longes e lambam os pés de quem passa por aquele lugar. Confesso que nesses dias de ressaca de pensamentos, onde eles já acordam desgrenhados e terminam o dia mais rebeldes ainda, me sinto tentado a... ih, passou.

sábado, 25 de agosto de 2012

Confetes e serpentinas

No fim, só quero te ver passar. Como num camarote de carnaval, mas sem sambar, sem cair na tua dança. Quero ver passar as máscaras, as cores, as fantasias e só ver passar. Sem descer na multidão, sem sequer pensar em deixar o som do carro me fazer arrepiar o mais ínfimo dos pelos. Quero poder sorrir quando sair da avenida, quero poder deixar a próxima música tocar e chegar a próxima festa, na qual não haja tanta coisa que não se pode ver. Talvez seja melhor chegar logo a quarta-feira de cinzas em que não há mais paixão para queimar, só há os sussuros das ruas cansadas e a possibilidade de como uma fênix um novo dia nascer. Quero ver raiar o sol após o feriado cristão mais pagão, após todas as incoerências serem levadas pelo vento que vem do mar. E assim que siga com teu carnaval, mas que eu não o siga. Que ao te ver passar eu consiga apenas ver, sem tocar, sem pensar, sem sentir, sem querer nem mesmo amaldiçoar. Que sua festa seja linda, que sua dança seja prazerosa e que um dia não precise mais de tantas alegorias, mas por enquanto que apenas siga. Vá... Vá porque preciso sentir que longe dos disfarces deste carnaval ainda é melhor ser enganado diversas vezes a viver tentando desmascarar meias verdades.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Madalena

É dessas coisas que a gente não sabe dizer que sente, nem sabemos como chega, só se nota repentinamente que veio, foi, passou, mas continua ali. Não que seja um sentimento extramamente real, é uma sensação, quase tátil, quase física, quase química, quase tudo, quase nada. É aquela parte que nos empurra para frente nos puxando para trás. É a mancha branca no canto branco da tela preta. Camuflagem ou mimetismo? Se esconde em nós ou nos imita, tanto faz. O fato é que quase sempre não percebemos que temos ali, dentro da nossa luz, uma pequena sombra que vezenquando se descuida e escurece o claro, mas logo se apressa para clarear o branco. É dessas coisas que nos chamam de loucos quando alegamos sentir, mas que sabemos que cedo ou tarde iremos ouvir alguém falar sobre essa contradição toda e iremos, como os outros, dizer apenas "que isso é loucura de gente que procura problema". Aquele que ama e que nunca se apaixonou pelo que não fazia sentido que atire a primeira pedra, sabendo que um dia também será apedrejado.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Rasante

Vez em quando penso que a liberdade prende, e talvez a prisão liberte. Acho constrangedor me achar sempre em meio a situações que esfregam em minha cara como sou preso a liberdade, liberdade de ir, vir, fazer, não fazer, querer, não querer, conseguir, não conseguir. Me espanta ainda como tudo que sinto é volátil, mas nunca fraco. São sempre sentimentos fortes, certezas, coisas únicas que não se consegue esconder, mas sempre dispostas a ir embora a qualquer momento. E segue assim, quando digo que quero, passo a não querer e quando digo que espero, meus pés se adiantam para caminhar. Não que eu não sinta nada, eu sinto muito, eu sinto tudo, e sinto forte e sinto rápido e sinto ir e sinto que passou. Não que eu não queria, não que não fosse verdade... é apenas que passa e depois repassa e volta e vai e vem. Tenho essa coisa em mim, de ser como passarinho, que migra no verão e volta no inverno, mas que não se permite permanecer no mesmo lugar.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Desapega!

Ando pensando sobre a dor e cada dia mais vejo sua intimidade com o apego. Parece que tudo que faz doer é aquilo a que nos apegamos e jamais deixamos ir embora. Nos apegamos a brigas, a farpas, a lágrimas, a partidas, despedidas e ficamos segurando isso tudo como se fossem essas coisas que nos fizessem quem somos. Acabamos por esquecer que a vida é rio, que devemos ir com ela, remando e direcionando, mas jamais passando tempo presos à margem, se não o barco vira. É engraçado como nos apegamos até ao amor, que, coitado, só quer ser livre e se doar, mas nos apegamos nele, seguramos firme e fazemos dele um cabo de guerra... Olhá aqui amor, o que eu te dou e você nem sequer me dá algo em troca pra eu me apegar. E vira conflito o que era paz, e acaba o encanto do que simplesmente ia e vinha como a água do mar. Sentimento é água, que vai, volta e ninguém segura, simplesmente segue. Já o apego é fogo, foge do controle, consome tudo à volta e faz o sentimento, que é água, ir parar bem longe ao evaporar. Desgraçado esse apego não é?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

daí...

Manias, o ser humano é cheio de manias... Mas a maior de todas deve ser a mania de querer ser alguém que não é. Feliz o doido que resolveu que gostava de ser como era. Isso não quer dizer que as pessoas não devam melhorar e blábláblá. É só que me incomoda essa ditadura 'do que vão achar', daí todo mundo tem que ficar pensando toda hora o que dizer, o que fazer, como fazer e acaba querendo ser o que não é. Aí você conhece alguém, namora, casa, pra no final... É...