segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Dona da História

"- Isso aqui é seu, tinha comprado para você, é seu.
- Eu não quero.
- Não se devolve presente.
- Eu não quero.
-Aceita vai. Nem que seja para dizer: “Aceito. Do que custa aceitar? Não tem importância. Eu não gosto dele mesmo.” Então diz, vai diz: Eu não te amo, diz. E aceita. Depois você faz o que quiser com isso, devolve, atira para Iemanjá, derrete, perde, sei lá, mas aceita. Em troca eu só quero um beijo.
- Eu não posso.
- É minha última cena, minha cena de despedida. Você me beija e eu vou embora, saio do seu filme para sempre.
- Se eu beijar você agora, vou querer beijar muito mais, a vida inteira. Eu vou querer casar com você para beijar você toda noite, até toda noite virar uma noite ou outra, até uma noite ou outra virar de vez em quando, até de vez em quando virar nunca mais. Até esse amor, que agora é tão grande nem se lembrar mais de como era no passado. Eu não posso, eu não posso ficar com você. Eu não quero gastar esse amor. Eu quero lembrar dele assim, para sempre do jeito que a gente ta sentindo ele agora.
- Nada vai mudar.
- Não depende da gente. É o tempo.
- Que tempo é esse capaz de mandar no meu amor? Não existe. Tá pra nascer esse tempo que vai me impedir de enxergar o que eu vejo, desejar o que eu quero, de amar o que eu sinto. Esse tal desse tempo é Deus fazer outro de mim? Deus de que tamanho? 20 séculos? 10 milênios?
- 30 anos.
-Ah, trinta anos.. quase nada. Eu espero tá? Só para provar para você que amor como esse não se mede por fita métrica, muito menos por calendário.
-Eu te amo, e eu aceito o presente. Aceito a história que a gente inventar. A vida que a gente tiver que viver."

Texto retirado do filme 'A Dona da História'

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