sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ainda era Outono.

o céu azul piscina. a grama verde limão. a brisa gelada que dança com os galhos mais finos da copa da árvore da frente da sala. o mundo parou na rua engarrafada lá fora. mas que mal tem? hoje é o dia mais bonito do ano! o típico outono finalmente chegou. ah, o outono. olhando pela janela dá pra ver duas mulheres pegando um ônibus e indo para algum destino em comum, rumo asa norte. mas a outra, a da blusa amarela, de óculos, continua ali sentada com a mesma perna cruzada tem pelo menos 15 minutos. ainda assim ela parece feliz porque de lá, dá pra ver mais o céu e sentir mais o vento. Os motoristas, nos carros parados, cantam. deve ser porque é outono. sempre existem tantas borboletas assim, ou só fui reparar nisso hoje? as árvores estão cheias delas, e são todas das coloridas. de onde você tá, você também consegue perceber isso?
me diga que hoje você parou para reparar no tanto que o dia está lindo? tá com cara de dia especial. daqueles que dá vontade de correr pela grama verde clara, até cair mais na frente e ficar ali mesmo, parada, olhando o céu piscina, sentindo o vento gelado te abraçar de tão gostoso que ele tá. sabe esses dias aleatórios que surgem vontades de filme? é hoje!
alguém no fundo fala sem parar. mas o meu olhar parece estar preso nesse pedacinho aberto da janela que admira o mundo lá fora. daqui, cada árvore lá na frente tem um tom de verde diferente, o que torna o colorido mais detalhado. tô dizendo.. o dia tá com cara de especial e não foi pelo sonho da noite passada, pelas conversas ou pensamentos mudados, ele tá mais bonito mesmo. por conta própria. não por ser dia ímpar, nem pelo motivo de estarmos no meio da semana. ah, acho que descobri que os carros parados logo alí, a moça de amarelo com a perna cruzada e a música que estava ouvindo antes de chegar aqui me lembraram você. esse gostinho de dia diferente está a sua cara! mas pera.. eu não te conheço. te vi uma única vez na vida e porque as coisas então me lembram você?
(Silêncio)
acordei diferente, ouvi los hermanos, senti o vento mais gelado que o de costume, vi o céu sem uma nuvem sequer e foi em você que pensei. e quis te encontrar. e te ver. e conversar. e me declarar. sim, senti vontade de te dizer uma porção de coisas. mas por um lado, ainda bem que não posso dizer tudo isso pra você. porque no final das contas, eu não sei me declarar. mas mesmo assim, o dia continua especial.


agora já são quase 5 horas da tarde. o sol continua amarelo e forte. mas o céu está levemente mais branco (é sinal de que vai fazer frio quando a noite cair) mas o vento agora sopra morno. típico vento quente da maresia, mas que é super refrescante lembra? só faltou o cheiro do mar pra eu pular dessa janela e ir ver a água. agora os passarinhos cantam mais, mas não vejo nenhuma borboleta. a rua ainda está engarrafada.. ah, quer saber? vem comigo? vamos pro lago?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

acordei assim

"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada (...)
Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você. Que sejam doces os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira - quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar. Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone. Que seja doce o seu cheiro. Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio. Que seja doce o seu modo de andar, de sentir, de demonstrar afeto. Que sejam doces suas expressões faciais, até o levantar de sobrancelha. Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado. Que seja doce a ausência do meu medo. Que seja doce o seu abraço. Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão. Que seja doce. Que sejamos doce.. e seremos. eu sei.." Caio Fernando Abreu

terça-feira, 27 de julho de 2010

até mais.

pode ser altruísmo da minha parte, mas está decidido. vou deixar você ir. ela não é ninguém muito importante pra mim, mas você se tornou, inexplicavelmente. e pela primeira vez eu estou pensando mais nela do que em você ou do que em mim. porque eu consigo imaginar como ela deve se sentir. deve ser coisa demais, deve ser gostoso demais sentir e eu não quero atrapalhar isso por parte dela. pela primeira vez na vida, eu parei para pensar nos 3 lados da história. e não foi por covardia que tomei a decisão. eu poderia me jogar de cabeça nisso, até te conquistar - com certeza eu poderia - poderia insistir até te ter mas e depois? e se não conseguisse? pouco importa porque eu ia tá feliz no final das contas por ter tido coragem mesmo depois que tudo. ouvir as pessoas dizendo "eu tinha avisado". sim. tinham. mas e daí? eu resolvi ir. eu tinha que pagar pra ver. e tive em todas as outras vezes, mas não nessa. não agora. não por esses motivos. interesses são passageiros, assim como as pessoas, como tudo na vida que segue seu ciclo. então eu não tenho pressa, não tenho urgência, nada grita por dentro, não tenho prazo nenhum. é como se eu tivesse vivido tudo isso só, entende? foi uma coisa que fui criando na minha cabeça e dentro de mim. eu fui forçando, você foi cedendo um pouquinho talvez por educação, talvez por curiosidade, talvez porque você é assim.. vai saber. e eu fui criando coisas malucas até chegar num ponto que eu tive que acordar. até agora eu não sei de fato se é somente minha imaginação, ou se poderíamos ter nos curtido. mas eu também não quero pensar mais. pronto. e decidi. vou deixar você ir.

“Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? “ Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 26 de julho de 2010

1º de Maio.

É, é bem o que ela me diz... Saber é diferente de sentir. Eu to cansado de saber muito, to cansado de saber que tenho tudo nas minhas mãos e eu simplesmente não consigo colocar em prática. E eu ainda sinto tanto, mas tanto... só que é como se sentisse tudo errado... às vezes penso que deviamos ter aulas de educação sentimental. Aprender a querer sem possuir, aprender a gostar sem ter necessidade de ter. Eu só queria mesmo não sentir essa ansiedade, não sentir tamanha insegurança e conseguir sentir o simples, o bonito, o que faz a gente estar junto hoje. Eu só queria mesmo me sentir completo ao saber que aquele sorriso vai estar sempre ali, que mesmo que amanhã a gente nem se fale, ele terá me dado esse sorriso, que foi só meu e mesmo que fique no passado, ainda estará ali.

como hoje.

grande merda. talvez eu devesse estar muito muito feliz.
eu estive durante um período de poucas horas, mas e aí? é só isso?
nem sempre as coisas andam como você gostaria que andassem.
no meu caso, as coisas andam a pé. e cada vez mais com passos desordenados.

Ontem

Caetano canta aqui no meu ouvido. fiquei ouvindo, só olhando as árvores. está na ultima faixa do cd e ele diz "linda, você é linda assim". sim. você é linda como ele me diz agora. mas buscando na memória - e não precisa ir longe - era um sentir diferente, mas - em segredo - foi gostoso ver o meu sentimento mudando por você.
você me perguntou ainda ontem se eu lembrava qual tinha sido a primeira vez que te vi, e eu te disse. fácil. também responderia a segunda, a terceira, todos os dias da nossa viagem. É.. pensando.. tenho um memória boa. em algum ponto - que não vem ao caso agora - você se tornou uma pessoa mais especial que o normal, dá pra entender? era um carinho mais gostoso de dar e receber, era o toque que arrepiava, eram os sonhos frequentes, era o meu jeito de sorrir te ouvindo cantar. cada conversa era melhor que a outra e assim foi. e em algum outro ponto, os sentimentos e pensamentos foram se encaixando em seus devidos lugares. e foi por isso que ontem eu tentei fazer o melhor para a melhor, sabe? foi uma noite maravilhosa, de verdade. me senti infinitamente mais aí.
dos detalhes, deixa o gostinho da lembrança aqui, só pra mim. Isso Caetano, ela é mesmo linda, e ela me apaixona. Ela e o seu abraço. é o que eu queria que você soubesse.
no mais, feliz dia.

"eu me lembro tão bem que ainda que não tivesse sido ontem, continuaria sendo ontem na memória." Caio Fernando Abreu

A Dona da História

"- Isso aqui é seu, tinha comprado para você, é seu.
- Eu não quero.
- Não se devolve presente.
- Eu não quero.
-Aceita vai. Nem que seja para dizer: “Aceito. Do que custa aceitar? Não tem importância. Eu não gosto dele mesmo.” Então diz, vai diz: Eu não te amo, diz. E aceita. Depois você faz o que quiser com isso, devolve, atira para Iemanjá, derrete, perde, sei lá, mas aceita. Em troca eu só quero um beijo.
- Eu não posso.
- É minha última cena, minha cena de despedida. Você me beija e eu vou embora, saio do seu filme para sempre.
- Se eu beijar você agora, vou querer beijar muito mais, a vida inteira. Eu vou querer casar com você para beijar você toda noite, até toda noite virar uma noite ou outra, até uma noite ou outra virar de vez em quando, até de vez em quando virar nunca mais. Até esse amor, que agora é tão grande nem se lembrar mais de como era no passado. Eu não posso, eu não posso ficar com você. Eu não quero gastar esse amor. Eu quero lembrar dele assim, para sempre do jeito que a gente ta sentindo ele agora.
- Nada vai mudar.
- Não depende da gente. É o tempo.
- Que tempo é esse capaz de mandar no meu amor? Não existe. Tá pra nascer esse tempo que vai me impedir de enxergar o que eu vejo, desejar o que eu quero, de amar o que eu sinto. Esse tal desse tempo é Deus fazer outro de mim? Deus de que tamanho? 20 séculos? 10 milênios?
- 30 anos.
-Ah, trinta anos.. quase nada. Eu espero tá? Só para provar para você que amor como esse não se mede por fita métrica, muito menos por calendário.
-Eu te amo, e eu aceito o presente. Aceito a história que a gente inventar. A vida que a gente tiver que viver."

Texto retirado do filme 'A Dona da História'

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Animalia

O corpo fala, o corpo grita, o corpo geme, o corpo suspira,o corpo pede, o corpo bebe, o corpo absorve, o corpo entrega. Ah o corpo... Ah, meu corpo... Ah, seu corpo...Em goles longos e saborosos, sem respirar ou parar de deglutir, assim, buscando cada vez mais corpo e esquecendo aquela vil convenção que tenta nos convencer que se deve buscar mais alma. Deixamos assim o corpo falar que, apesar de tanto pensar, ainda somos instinto, de uma forma deliciosamente animal, sem qualquer razão e sem sequer uma remota pretenção de controlar os desejos à flor da pele. Tudo pela sede imensa que todos temos de mais corpo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

temporão

Ela sorri e fala : Assim? Branco cor de nuvem? Não, azul, da cor de um mar calmo, que se encosta num cais enquanto sente um vento delicioso espalhando o perfume do cabelo. É, assim toda companhia tem um sorriso garantido. Toda?. É, mas algumas receberiam um maior, mais largo, mais bonito, mais sincero, seria um sorriso só pra essa companhia. E depois? Depois vem o branco cor de nuvem, nuvem que contraria o vento e fica paradinha sobre nós. Nós? Sim, nós. E o mar? E o cais? E o vento? Bem, pelo que vem depois eu deixaria de olhar o mar e o cais e o vento, por nós e pelo fascínio que eu teria ao mergulhar no branco cor de nuvem que irá preencher nossa mente quando os lábios se tocarem.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

passou do ponto...

Eu já falei que não é questão de desistir, passou da hora de você aceitar que não dá mais. Não, eu não estou mentindo pra mim, eu realmente sei o que sinto por você: nada. Por favor, não venha com essa história de 'você está sendo cruel', encare os fatos, encare a vida, seja homem! É, a culpa deve ser minha, ou sua, ou nossa... Isso realmente importa? Acho que os dois já perderam demais, não existe motivo pra buscar culpa. Me perdoe, nem sempre minhas atitudes eram sinceras, eu tentei querer mesmo sabendo que não queria nem tentar. Eu só quis mesmo dizer pra mim 'tentei tudo que pude', levantar a cabeça e seguir sem remorso, egoísmo puro, falso moralismo, cara-de-pau, chame como quiser. Se me arrependo? Sim, me arrependo de não ter falado chega quando eu sabia que era o fim, me arrependo de ter queimado a largada, me arrependo de querer tanto que desse certo que acabei insistindo em procurar sentimentos no vazio. É isso, qualquer dia a gente se esbarra em uma esquina e re-lembra como não nos conheciamos.

CaioF.

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinho, não vou. Não tem como remar sozinho, eu ficaria girando em torno de mim mesmo.
Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar. Re-amar. Amar."

Caio Fernando Abreu

28.05

iria ficar legal escrever tudo que eu queria que você soubesse em forma de música, mas eu quero as minhas palavras aqui. eu quero que você saiba que eu sou louca por você. assim. com essas palavras. eu quero que você saiba que eu não me esqueço do lenço roxo. assim. com essas palavras. little joy? beatles ou across the universe? talvez frejat? ele pode te cantar o meu amor em romantismo. e vai ficar bom, eu sei.
eu quero que você saiba que você apareceu na minha vida e pronto. aqui ficou. você sabe, vc sente, o tamanho do meu gostar. o tamanho disso tudo que se mistura aqui dentro por você. essa vontade de cuidar, de querer bem, de ver feliz, de fazer feliz. essa mania de "desejar coisas boas" somente no dia de aniversário é pros fracos. eu tô aqui pra você e por você em todos os minutos da sua vida. assim. com essas palavras.
assinado com amor.

terça-feira, 20 de julho de 2010

rascunho

Não falo necessariamente de esquecer, deixar pra trás e fingir que aquilo nunca aconteceu. É mais o fato de se acostumar com aquele sentimento, torná-lo banal. Seria uma hipocrisia sem fim dizer que quando te ver, não irei mais sentir o fôlego faltar, a perna tremer, o mundo parar. Seria incoerente dizer que eu não conseguiria mais passar algumas horas olhando seu sorriso e buscando qualquer sinal seu que deixasse escapar uma vontade de mim. Mas com o tempo, mesmo sabendo que tudo isso se perpetua, a gente aprende a achar tudo tão normal a ponto desse mar de sensações se tornar apenas uma velha paixão.

quê

é uma indecisão tão decidida que chego a me divertir comigo mesmo. o importante é saber que você nunca vai decidir o que quer, e que mesmo que se convença de que existiu uma decisão, seu instinto vai te por a prova e num ato falho você se depara com todas aquelas dúvidas novamente. o divertido é a gama de pensamentos que vem a cabeça, que se mistura e forma uma nova dúvida diante da resposta, é, o engraçado é ver como o contentamento descontente é o mal do ser humano, que sempre quer escalar a montanha mais alta pela simples estupidez de ter chegado ao topo, esquecendo que o caminho vale muito mais que o fim. Dessa louca possessão e deste louco caldo de ambições e quereres, se pararmos todos para pensar veremos que a única dúvida que temos é se realmente se quer ter sempre uma resposta, ou se é preferível viver com uma dúvida.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

segredos de liquidificador.

Talvez o mais complicado seja guardar tudo isso. Deveras acredito que ali reside a maior dor, naquele ponto em que se percebe que há muito para se dar, mas não há quem muito queira receber. E assim se vai, como um codinome beija-flor, disperdiçando o mel de flor em flor, dando sempre um pouco para cada, um pouco que já acham muito. Isso tudo talvez se deva ao fato das bocas se encontrarem demasiadamente amargas, desta forma qualquer doce lhes parece enjoativo, exagerado. Mas talvez seja ainda pior, o mel por ter ficado guardado acaba se tornando amargo, acre, cheio de formigas que passam a corroer por dentro, destruindo tudo que se tenta construir. E de tanto mel que lhe escore a boca sem ter a quem alimentar, só se sabe que dói, que lhe corrói a alma ter tanto e dispensar tão pouco.

despido

Especialmente hoje eu te contaria todos os segredos. não sei o que me deu para isso, mas tem dias que eu realmente queria me abrir. contaria que não fui de toda sincera, que não te amei em todas as vezes que me perguntou. é, oras. não amei. e desde quando temos que amar todas as vezes? calma, você vai saber de tudo, eu vou falando coisa por coisa, tudo que me der na telha eu vou falar, contar, cuspir, vomitar em você. acho que o problema está em ser segunda-feira, mas deixa isso pra lá. eu também queria dizer que não fui fiel, nem em sentimento nem em pensamento, muito menos nesse tal de amor carnal. sim, já te fodi pensando em outra pessoa, em duas, em várias. me desculpa falar assim, mas é porque senão não sai. eu ainda não terminei, deixa a bolsa na cadeira. não vai embora. fala baixo, os vizinhos vão ouvir. foda-se não. não fodi com tudo. me respeita, não precisa disso. senta lá. não chega tão perto. não. não toca. eu ainda tenho coisa pra contar. ainda tinha.
(...)
Se você não tivesse chorado tanto, como um bebê no meu colo, você saberia naquele tempo tudo que eu não disse até hoje. depois daqueles arranhões e daquele pranto me lembro de deixar você ir. pedi para que tomasse cuidado na estrada, não batesse a porta com força para que ela estivesse fácil de abrir no nosso (re)encontro. além disso me lembro do porre amargo que tomei no sofá ouvindo Anos Dourados de Tom.
Até hoje você não voltou. você veio, mas não voltou. eu sei disso porque o lado esquerdo da cama ainda está gelado. nessas segundas, quando a solidão sufoca o peito, eu escrevo pedindo para quando voltar, apague a luz e saiba que eu te amo.

summer

"o que você quer comigo? me quer? não. você não quer. você me teve e foi embora. e não tem a ver comigo. é você. é sempre você. o que você precisa, o que você quer. parece que você só me quer quando não pode me ter. você gosta de me conquistar. e sabe do que mais? pode ir. porque já conquistou."

domingo, 18 de julho de 2010

Esquisito

O esquisito mesmo é ir sentindo que cada vez menos eu sinto algo. Ando me condicionando a parar de sentir o que não me convêm... Como se a dor fosse só um mero detalhe, como se o antes, se o prazer tivesse uma única oportunidade que não deveria ser perdida e que esse mesmo prazer não pudesse ser maculado por uma dor, por um desamor. Chega a ser irônico, alguns dizem que não sei dar valor a mim, ou que estou sempre querendo qualquer pouco que me é oferecido. E de grão em grão a galinha enche o papo, e de pouco em pouco me vem muito. Talvez seja tudo um tolo engano, mas não me engano, enquanto puder irei negligenciar a dor, viver o prazer e no dia seguinte, bom no dia seguinte meu coração ainda irá bater e eu ainda acharei algo pelo que valha a pena viver, mesmo que não seja por você.

sábado, 17 de julho de 2010

lembranças

Remexer gavetas. Re-descobrir sentimentos. A verdade é que as vezes nós temos sentimentos tão bons que preferimos deixa-los guardadinhos, escondidos, como se assim, sem senti-los, pudéssemos faze-los durar mais. Aí, em um dia qualquer, a gente como quem não quer nada, fingindo não saber do que se trata, abre aquela gaveta e revira tudo, até achar o bendito sentimento e então faz de conta que está surpreso e sente aquilo tudo de novo, se deliciando com cada partezinha que se fez acreditar que estava esquecida. Mas depois de alguns minutos, a gente corre, joga novamente tudo dentro daquela enorme gaveta, mistura, finge que já esqueceu e espera um próximo dia para re-descobrir aquele velho sentimento conhecido.

nostalgia.

é que vezenquando me vem essa quase nostalgia. essa tentativa frustada de me fazer acreditar que você deveria continuar comigo, e que logo mais o adeus vai virar um 'desculpe, mas eu nunca devia ter ido pra tão longe'. mas sabe? nem eu consigo me convencer... de certo porque eu te quis de forma tão egoísta que nem sequer pensei no que você procurava. confesso, só pensava em como agir pra não te perder e acabei esquecendo que deveria agir pra te ganhar. foi assim que pouco a pouco transformei sua vontade de estar perto, e tudo aquilo de especial que existia, em vazio, espaço, abismo. e quando você se deu conta da distância que se pôs ali, entre nossos corpos colados, suados e melados, eu não tinha mais como dizer que não era nada. nem sequer conseguia me enganar e nem mesmo hoje consigo. já que não faz sentido te pedir pra voltar, peço apenas que na próxima vez me lembre de te ganhar antes de pensar em não te perder.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

mito da caverna

Sabe como é, ele vive a vida assim, fugindo das emoções. Não entendo muito bem toda essa lógica, como se o vazio simplesmente fosse suficiente. Na verdade eu acho que tudo é uma grande covardia, atrás de toda essa coragem e dessa roupagem de quem tem confiança em cada passo que dá existe uma criança que tem medo do escuro. Nesse caso o medo é do claro, é de ver que não tem mais controle de nada, de olhar tudo com clareza e ver que seus sentimentos não são exatamente como ele gostaria que fossem. Mal sabe esse jovem que a maior dor que existe é a dor que se sente quando se tem medo de sentir dor.

a conversa do elevador.

"- Pra quê eu e você de novo?
- Para não render tempo ruim, para ganhar tempo, para chegar logo naquela parte que a gente faz as pazes de novo e ri de tudo se divertindo. A gente já não sabe que é assim? Tempo sim, tempo não, tempo bom, tempo ruim. O tempo leva uma porção de coisas, mas tem coisa que só o tempo trás. Um exemplo de coisa trazida é que hoje a gente já pode escolher com que tipo de história a gente vai gastar o tempo que resta para a gente."

Um Conto a Dois

Eram dois corações, um na mesa, outro na estante. um era refeição, o outro escultura. o da mesa, ainda tava quente, recém tirado do fogo, gostinho de comida preferida. o da estante, se não fosse pela poeira, daria vontade de abrir e ler. não que precisasse de leitura para decifrá-lo, pois este era bobo. era entregue. mas era o coração que continha as letras que formavam as palavras que formavam os períodos da história dos contos. o outro, aquele do fogo, só fervia, borbulhava, fazia salivar. o empoeirado era rígido, tinha aquela forma e não poderia jamais deixar de ser aquilo, aquela cor, aquelas palavras, artérias e mesmo imutável, mesmo fixo e invariável era arte, era beleza. o do prato era maleável, daquela fervura poderia sair qualquer coisa, daquele cheiro convidativo poderia vir qualquer forma, reação, era o nada e o tudo, era uma aposta, sem qualquer segurança, mas com uma infinidade de expectativas.
Mas esse conto não vem descrever a diferença desses corações, ele vem para contar a história de cada um e de todos. Com as palavras que formam os períodos da história dos contos, mas sem deixar de falar de toda a fervura e sedução. ele vem para tentar explicar essa magia que acontece entre dois lados.
Eram também duas vidas, uma que explodia, outra que sentia. eram também duas cabeças, uma que pensava, outra que praticava. o mistério está nesse pontinho de elo entre os opostos. e era aí que eles se encaixavam. que sentiam o encaixe das vidas, das cabeças, da história e principalmente dos corações.
Dava gosto de ver que mesmo após tantos anos passados, apesar de todos os comentários ácidos dos que estavam em volta, dos giros e piruetas do mundo ainda se via aquele brilho no olhar, aquelas mãos enrugadas se tocando em plena sintonia. A verdade é que o tempo foi coadjuvante no meio disso tudo, ele não achou espaço para entrar agora nessa história, por isso não há preocupação com o quando, muito menos com o onde, só cabe falar aqui de emoções, sorrisos, ternura e de alguns copos lançados na parede, de algumas ameaças de morte e de beiras do abismo, mas nada que ultrapasse a barreira do sentir para encontrar o mundo do tocar.
É verdade que nem sempre tudo eram flores, mas foi por causa de uma delas que posso escrever isso tudo hoje. não bem exatamente da flor em si, eram rosas ou lírios ou flores campestres, me desculpe, mas a memória já está falha. o que fez toda a diferença, não foi o fato de dar-lhe flores em toda comemoração - pois naquela época era assim que fazíamos. o que inverteu meu mundo num pontapé só, foi a conversa que tive com o dono da floricultura. vocês sabem... essas pessoas são dotadas de uma espécie de sentimento universal, como se já tivessem vivido antes e passado por todo e qualquer tipo de relacionamento. digo relacionamento porque eles sabem até se é amor ou não. sabem o que dizer, como dizer, sabem das cores e dos cheiros, e se duvidar, até do gosto do seu. foi quando ele me indicou as amarelas - agora me lembrei - margaridas amarelas. dizia ele: "margaridas conseguem manter a agitação presa pela calmaria das pétalas claras ao seu redor. e amarelo é pela sabedoria que precisamos para levar um amor consigo. porque o casamento, meu caro, é como tocar piano. a gente precisa saber exatamente quando uma nota só não faz música, quando há necessidade do junto, de dois. leve as margaridas amarelas, pode confiar." foi quando me deparei pensando na idade do rapaz, no máximo 25. como ele conseguia me passar tanta confiança e certeza do que dizia? achei melhor não perguntar e aceitar as flores e o embrulho. pensei cá comigo "esse povo sabe de tudo. ele deve tá certo."
Muito tempo depois eu fui saber que não poderia haver escolha mais acertada do que escutar esse tal moço. mas como essa história não é minha, cabe dizer que a partir deste dia passei a ter um novo vício, como fumar um cigarro depois do almoço ou ligações de boa noite. todos os dias ia aprender com ele sobre as flores, e os cheiros e os amores, bromélias, crisântemos, orquídeas, violetas e assim como eu tinha o vício de ir lá todos os dias, quando estava fechando seu santuário, ele escolhia o lírio mais bonito, enrolava em uma folha de jornal, se despedia tomando o bonde em direção à periferia. Um dia qualquer, desses que o céu não está azul e que o vento quer te levar pra qualquer lugar, resolvi perguntar por que ele sempre levava apenas uma flor para casa e para quem ela era, com um sorriso no rosto ele explicou que havia um coração fervendo lhe esperando chegar, e que seu coração já com alguma poeira levava um pedaço do seu dia para alimentar a brasa que mantinha a refeição sempre quente.
Pouco a pouco fui conhecendo esse jovem sábio que mesmo com tanto saber e algumas vezes notável frieza se mostrava detentor de um amor incondicional, zeloso e completo. de vendedor de flores, passou à protagonista e pouco a pouco fui vendo os dois crescerem juntos, como raiz e terra, completando-se na presença e na ausência. O tempo foi passando e as marcas começaram a aparecer no rosto daquele jovem que já não tinha mais 25 anos, foi quando a conheci e me surpreendi ao ver tudo que imaginava em um olhar, tinha olhos fugazes, nervosos que pareciam pular a cada pulso de seu sangue, sentia-se o calor que vinha daquela personalidade tão passional e então entendi o por que dos lírios. para arrebatar um coração daqueles só mesmo os lírios. E um a cada dia.
O coração dela era o que fervia na mesa posta com gosto de comida preferida. já o dele era o mais calmo, da estante. dá pra notar toda a diferença necessária para a entrega. Mas como era de se esperar, o tempo que não tinha encontrado lugar no meio disso tudo resolveu entrar em ação e pouco a pouco os lírios mantinham a temperatura ideal, mas aquele coração teimava em tentar parar de bater, apesar de tudo permanecer como sempre esteve. o senhor cruel das horas decidiu que deveria pôr fim ao que eu e você chamaríamos de amor. mal sabia que isso jamais mudaria um coração na estante, mesmo que o cheiro daquele coração na mesa ficasse apenas na memória. troquei as margaridas. não era tempo de querer pensar em calmaria. troquei pelos lírios. eles sim, sempre estariam ali, todos os dias, mantendo o fogo aceso, mesmo que o contato sincrônico e harmônico se desse através de uma enorme placa de mármore.
Mas que fique disso tudo a beleza de saber criar juntos uma história, um amor e um conto.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

ioiô

eu só queria te dizer que eu não quis ir embora. era a minha hora. não havia escolha e nem espaço para o adeus. confesso que foi egoísmo, não quis ver as lágrimas que rolariam pelo seu rosto. eu só queria te dizer mesmo que eu não queria ter ido, mas já que fui, também não quero mais voltar.

Blood

"Você não pensa como outras pessoas. Na maioria das pessoas, são frases completas ou imagens. Com você, às vezes são palavras, mas, outras vezes, apenas uns sons. Como ondas de sentimentos."

Retirado De "True Blood"

e só.

Parece até que o mundo parou. Parou sim. Só pra nos olhar, pra admirar esse momento. Uma perna entrelaçada na outra, um abraço apertado e algumas falas como trilha sonora, algumas falas que saem do lado de cá, outras do lado de lá. Vez ou outra um carro curioso cruza a rua, querendo nos roubar essa paz, a quietude, a amplidão, mas logo tudo volta a ser como antes... Brando, quieto, grande e confortável. Até os beijos são lentos e suaves, como se qualquer movimento brusco pudesse quebrar o encanto e desencadear um turbilhão de sensações terrenas que não essa paz. E é entre o acender e o apagar de um cigarro que o frio ousa nos tocar, suave, como tudo nesse momento, lembrando o quanto é melhor estar entrelaçado, sentir o cheiro, não o perfume, mas o cheiro mesmo, de pele, de poro, de gente. E o frio nos traz de volta a essa imensidão que sabemos que terminará com os lábios sentindo sede, com o corpo pedindo mais e o desejo vindo à tona, mas por enquanto que fique a paz, e o entrelaçado, e o cheiro, e a trilha sonora, e você, e eu, e só.

simples assim.

dábliu dábliu dábliu ponto quinze de julho ponto com ponto bê érre.
sabe como sai um pensamento? assim, cru. do jeitinho que ele chega, ele vai pro papel. com as expressões da hora, com esse jeito de escrever-como-se-lê. com falta de vírgula aqui ou ali, com ponto final na hora errada, sem parar para as letras maiúsculas, nem para a dúvida em como se escreve tal palavra. assim sai simples. sai falado. sai sincero. aqui é assim. sem seguir padrões.

meu, seu e deles.

quem nunca brincou de escrever uma frase e passar o papel para o próximo continuar a partir daquilo que você deixou?

essa é a idéia. uma mistura de histórias, de confissões, vidas que se cruzam a todo tempo. um pouco da gente junto, um pouco da gente separado, um pouco só meu, outro pouco só seu. mas que juntos não dá para saber quem narra. a não ser que se perceba pelas entrelinhas. mas ter que olhar para os detalhes significa que tudo nosso já se misturou. passar o papel não significa que no final vai haver algum sentido, mas isso é coisa pouca e ainda assim a gente ri e se diverte.

damos apenas um conselho: queime depois de ler.