sábado, 25 de agosto de 2012

Confetes e serpentinas

No fim, só quero te ver passar. Como num camarote de carnaval, mas sem sambar, sem cair na tua dança. Quero ver passar as máscaras, as cores, as fantasias e só ver passar. Sem descer na multidão, sem sequer pensar em deixar o som do carro me fazer arrepiar o mais ínfimo dos pelos. Quero poder sorrir quando sair da avenida, quero poder deixar a próxima música tocar e chegar a próxima festa, na qual não haja tanta coisa que não se pode ver. Talvez seja melhor chegar logo a quarta-feira de cinzas em que não há mais paixão para queimar, só há os sussuros das ruas cansadas e a possibilidade de como uma fênix um novo dia nascer. Quero ver raiar o sol após o feriado cristão mais pagão, após todas as incoerências serem levadas pelo vento que vem do mar. E assim que siga com teu carnaval, mas que eu não o siga. Que ao te ver passar eu consiga apenas ver, sem tocar, sem pensar, sem sentir, sem querer nem mesmo amaldiçoar. Que sua festa seja linda, que sua dança seja prazerosa e que um dia não precise mais de tantas alegorias, mas por enquanto que apenas siga. Vá... Vá porque preciso sentir que longe dos disfarces deste carnaval ainda é melhor ser enganado diversas vezes a viver tentando desmascarar meias verdades.

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